Açoriano Oriental
Dia das Montras dá vida ao Natal no comércio tradicional

Com um tempo típico da quadra natalícia e com muita animação de rua, o Dia das Montras teve muita gente, embora sem as enchentes de outros tempos, numa altura em que o comércio tradicional tenta recuperar da pandemia e animar as vendas de Natal


Autor: Rui Jorge Cabral

O Dia das Montras de 2021 foi o segundo vivido durante a pandemia de Covid-19, embora o contexto de mais de 80% da população vacinada em que os Açores se encontram atualmente, tenha permitido que este dia grande do comércio tradicional, que marca o arranque da quadra natalícia, decorresse este ano com menores restrições e receios, face ao que aconteceu em 2020.

O Natal é a ‘boia de salvação’ do comércio tradicional e é de esperar que este ano seja já de retoma face aos efeitos negativos da pandemia no consumo. O Dia das Montras, como é conhecido popularmente o feriado religioso de Nossa Senhora da Conceição, que ontem se assinalou, tem vivido na última década momentos de transformação. Desde logo o estender do concurso de montras por quatro dias, uma medida introduzida no ano passado e que se manteve este ano, mas também o facto de muitas lojas terem passado nos últimos anos a estar abertas neste dia, contrariando a tradição deste ser um dia apenas para as pessoas verem as montras e não para fazerem compras.

Os hábitos de consumo no Natal também se alteram com a entrada no século XXI, com as compras nas grandes superfícies a assumirem relevância, em prejuízo do comércio tradicional. O centro histórico de Ponta Delgada, no Dia Montras, acolhe tradicionalmente largos milhares de pessoas vindas um pouco de toda a ilha para escolherem possíveis presentes de Natal, para verem o colorido das montras especialmente decoradas para este dia ou, simplesmente, para viver um dia especial, sobretudo para as crianças, com balões, pipocas e a ‘magia’ tão própria do Natal.

O Dia das Montras é também um dia tradicional de passeio pela cidade que é em si mesmo uma festa, para lá das montras propriamente ditas, trazendo a Ponta Delgada muitos vendedores ambulantes que esperam fazer neste dia vendas suficientes para ‘salvar’ o Natal.  Natural da Ribeira Grande, Agostinho Ferreira é um exemplo disso mesmo e leva a banca de venda de pipocas - um negócio da sua família - para as principais festividades que acontecem na ilha de São Miguel.  Agostinho tem 37 anos e desde criança que se lembra de vir a Ponta Delgada no Dia das Montras. E mesmo antes dele nascer, já o seu pai o fazia.

Agostinho Ferreira tinha ontem a sua banca de venda de pipocas montada na Rua Machado dos Santos, no coração do centro histórico de Ponta Delgada. Em declarações ao Açoriano Oriental, considera que, para além da pandemia, também o fecho de muitas lojas emblemáticas na baixa de Ponta Delgada fez diminuir o impacto do Dia das Montras. “Quem passa nesta rua vê muita montra fechada, quando antigamente isto estava tudo aberto e o pessoal empenhava-se muito em fazer as montras para este dia”, lamenta.

A venda de pipocas atrai muitas crianças, precisamente as que mais vivem com intensidade a altura do Natal. Mas também no comportamento das pessoas se nota hoje alguma diferença. Para Agostinho Ferreira, “antigamente, acho que o Natal se sentia mais e hoje já não se sente com a mesma intensidade”, conclui. 

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