Açoriano Oriental
Daniela Santos e Inês Simas brilham pelo Benfica e Seleção

As açorianas Daniela Santos e Inês Simas são promessas do futebol feminino nacional. As atletas naturais do Pico e São Miguel, respetivamente, são colegas de equipa no Benfica e internacionais Sub-19 por Portugal


Autor: Rafael Dutra/Arthur Melo

A evolução da seleção de futebol feminino portuguesa, nos últimos anos, tem sido considerável, chegando recentemente ao seu expoente máximo com a inédita qualificação obtida para o Mundial de 2023.

Portugal venceu por 2-1 os Camarões, no ‘play-off’ disputado a 22 de fevereiro, num jogo com muita emoção na parte final do encontro. Um feito que deu sequência às boas exibições da Seleção das Quinas, que já havia conseguido qualificações consecutivas para os Europeus de 2017 e 2022.

Nos Açores, o talento começa a aparecer com mais frequência e prova disso são as atletas açorianas Daniela Santos e Inês Simas.

A primeira é uma defesa central possante; a segunda é uma médio-centro com faro para o golo. São de ilhas, posições e idades diferentes, mas há algo que as une: ambas jogam pelo Sport Lisboa e Benfica, especificamente pela equipa B, e pelas camadas jovens da Seleção Nacional. Curiosamente, também partilham casa em Lisboa.

Daniela e Inês são a representação de uma nova geração de futebolistas cujo talento é notável. Por enquanto, ainda são promessas, mas têm condições e habilidades suficientes para, no futuro, consolidar o seu lugar na hierarquia do futebol nacional.

Benfica mudou-lhe a vida

Daniela Areias Santos, natural da ilha do Pico, tem 19 anos e é defesa central. Desde nova gosta de jogar à bola e começou na modalidade aos seis anos no Prainha, numa equipa mista, mas nunca teve problemas com os colegas.

“Foram cordiais comigo, houve sempre respeito, não havia diferença entre eu e eles, éramos colegas, uma equipa”, revela Daniela, em entrevista ao Açoriano Oriental.
Em 2019 recebeu uma proposta das águias. Apesar de ser uma mudança considerável, foi uma proposta irrecusável para a jogadora.

“O Benfica é o meu clube do coração, poder representá-lo ao mais alto nível é um prazer e um orgulho”, diz.

Foi uma mudança radical para a jovem, no entanto, a atleta afirma que o apoio total da família e amigos ajudou e que a adaptação [em Lisboa] acabou por ser fácil, porque lá “conseguem proporcionar condições melhores. Aqui há tudo, os melhores profissionais”, sublinha.

Recentemente, no seu aniversário (18 de fevereiro), marcou um golo frente à Islândia, num amigável pela seleção Sub-19. Daniela refere que representar Portugal, nas camadas jovens, é o “culminar do trabalho que é feito diariamente no clube”, e que cada internacionalização é “sempre um momento especial” e que “poder marcar golos acaba por ser o auge”.

Contudo, ambiciona mais e  tem dois objetivos no futebol: chegar à equipa sénior do Benfica e ser internacional A, por Portugal.

Mundial é o sonho

Quanto a Inês Simas, é natural da ilha de São Miguel, tem 18 anos e é médio-centro. Tal como Daniela, a paixão pelo futebol começou desde cedo, por volta dos cinco anos, a jogar no Clube Futebol Pauleta, numa equipa de rapazes.

Ao contrário da colega, sentiu algum preconceito, principalmente “por causa dos pais de outras equipas” que, gradualmente, “foram-se habituando” à sua presença, conta Inês em declarações ao Açoriano Oriental.

Ainda enquanto jogava em São Miguel recebeu a notícia de que tinha sido convocada para jogar nos Sub-15 de Portugal, algo que a surpreendeu: “Não estava à espera, foi um momento incrível”.

O choque também notou-se em campo, pois a atleta “nem sequer tinha a noção de que o futebol feminino já estava num patamar assim tão alto”, explica.

Quando a equipa de scouting do Benfica apercebeu-se do seu talento e propôs contrato, admitiu que “não foi um processo fácil”, mesmo sabendo que “era a escolha certa”, especialmente por sair muita nova, aos 15 anos.

“Foi muito difícil sair da minha zona de conforto, mas com o tempo fui ultrapassando as dificuldades e agora já me sinto mais confortável”, diz Inês.

A micaelense tem demonstrado que é uma média goleadora. Esta época foi a melhor marcadora da II Divisão Feminino Série Sul, com nove golos em oito jogos.

“Gosto muito de marcar golos, sou ofensiva, gosto de aparecer dentro da área e as minhas colegas servem-me muito bem, daí fazer muitos golos”, afirma a atleta.

Agora, tal como a sua compatriota, o seu objetivo é conquistar um lugar na equipa sénior do Benfica e representar Portugal ao mais alto nível, com o sonho de chegar ao mundial.

O Mundial Feminino de futebol de 2023 realiza-se na Austrália e na Nova Zelândia, de 20 de julho a 20 de agosto. Portugal integra o Grupo  E, com os Estados Unidos, Países Baixos e Vietname. A estreia de Portugal está marcada para dia 23 de julho frente às neerlandesas. Depois enfrenta o Vietname a 27 de julho e termina a fase de grupos frente aos Estados Unidos, no dia 1 de agosto.

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