Autor: Maria Andrade
Na próxima quinta-feira, dia 7 de agosto de 2025, pelas 10h00, a Câmara Municipal de Vila Franca do Campo dará o primeiro passo formal para a constituição de um grupo técnico e científico independente dedicado à valorização e interpretação do Ilhéu de Vila Franca do Campo, com uma visita técnica ao local.
A iniciativa, promovida pela autarquia, visa a criação de uma proposta estruturada para a leitura e compreensão deste espaço, reforçando a articulação entre o conhecimento científico e a fruição pública qualificada desta paisagem protegida.
De acordo com Diogo Dias, Técnico Superior de Arqueologia da Câmara, o projeto “surge justamente no seguimento de uma necessidade que é a criação de uma estrutura interpretativa para o Ilhéu de Vila Franca do Campo. O Ilhéu de Vila Franca do Campo não tem um centro interpretativo, aliás, não pode ter no seu espaço porque é uma reserva natural portanto, é uma zona onde não se pode construir nada”.
Neste sentido, a proposta, já a ser projetada desde 2023, tem como objetivo a criação de um centro interpretativo fora do ilhéu. Para Diogo Dias, esta lacuna interpretativa existente contrasta com o elevado número de visitas anuais: cerca de 36 mil pessoas deslocam-se ao ilhéu, sobretudo durante o verão, principalmente para tomar banho.
“As pessoas visitam este espaço para tomar banho, no entanto, o Ilhéu de vila Franca do Campo tem uma representatividade local muito grande porque tem uma relação afetiva muito próxima com a comunidade local e também tem um conjunto de evidências de presença humana que não é evidente com esta redundância”, disse.
O grupo de trabalho agora constituído integra Diogo Dias, Técnico Superior de Arqueologia da Câmara, dois professores da Universidade de Coimbra, dois professores da Universidade dos Açores, dois representantes da Secretaria Regional do Ambiente e Ação Climática e a Câmara Municipal enquanto entidade promotora.
“A Câmara é um dos parceiros mais estratégicos neste âmbito porque para além de eu ser trabalhador da Câmara, ela tem um particular interesse pela representatividade na comunidade que o Ilhéu tem e também pelo fator turismo”, afirmou o arqueólogo.
A interdição a banhos decretada recentemente é vista pelo grupo como uma oportunidade para mudar o paradigma da relação com o ilhéu. “Nós vemos isto como uma oportunidade de mostrar esta outra dimensão mais sutural do Ilhéu”, explicou.
Com esta iniciativa, o Município de Vila Franca do Campo pretende reafirmar o seu compromisso com a proteção e valorização do património local, promovendo um novo olhar sobre o Ilhéu, não apenas como espaço de lazer, mas como território com profundidade histórica, ecológica e cultural, digno de ser compreendido, interpretado e preservado para as gerações futuras.