Autor: Lusa/AO online
"O BE, assumindo que cabe legitimamente ao Governo e ao PS a sua condução, veio a esta casa apresentar propostas concretas que, respondendo aos anseios dos açorianos e açorianas, seriam compatíveis com um orçamento de esquerda, como assume querer o PS. Infelizmente, para prejuízo dos Açores, a maioria não aprova qualquer proposta substantiva do BE, preferindo manter este orçamento como está: permissivo e continuador das desigualdades sociais na região", declarou António Lima.
O bloquista falava na intervenção final da discussão do Plano e Orçamento dos Açores para 2020, debate parlamentar que se iniciou na terça-feira e se conclui na sexta-feira.
O partido, acrescentou, votará contra as propostas de Plano e Orçamento e lamenta que o PS, ao contrário do que sucedeu na República na legislatura passada, não precise "nem queira aceitar as propostas" do Bloco.
Referindo-se depois a "casos concretos", António Lima lembrou, por exemplo, uma proposta bloquista do início de 2018 em que era defendida a urgente capitalização pública da transportadora aérea açoriana SATA.
"O PS chumbou esse projeto de resolução, afirmando que a nossa proposta implicaria despedimentos e que poderia mesmo levar ao encerramento da empresa. Hoje, pouco mais de um ano depois e neste orçamento, o Governo propõe a capitalização pública da SATA", disse.
Há anos que o BE, prosseguiu o seu dirigente máximo na região, "apresenta sucessivas propostas para que o projeto da incineradora de São Miguel seja abandonado e substituído por outras soluções mais sustentáveis", sendo que "todas essas propostas foram rejeitadas pelo PS.
"Só depois de o processo chegar aos tribunais, com o resultado conhecido, se aceita repensar este assunto", prosseguiu.
E acrescentou: "Esta pequena resenha de situações concretas é elucidativa de que as propostas do BE são sérias, exequíveis e que concretizadas no momento em que são apresentadas, poupariam recursos melhorariam a vida dos açorianos e açorianas".
O deputado lamentou ainda que "quase um em cada três açorianos e açorianas" estejam "em risco de pobreza" e, "apesar de estar em implementação a estratégia regional contra a pobreza, com um horizonte a dez anos, há medidas concretas e exequíveis que se exigem já".
Nesse sentido, e "numa altura em que as finanças públicas estão bem" e "em que a riqueza na região aumenta a um ritmo até superior à média nacional", os indicadores sociais são "inaceitáveis", advogou.