Autor: Rui Jorge Cabral
O concurso público internacional para a construção dos dois novos navios
elétricos da Atlânticoline, a empresa pública que realiza o transporte
marítimo de passageiros e viaturas nos Açores, deverá ser lançado já no
próximo mês de outubro.
A Atlânticoline estima que a adjudicação dos dois novos navios, no valor global de 25 milhões de euros, possa ser feita até ao final deste ano para que, dentro de um prazo de construção entre um ano e meio e dois anos, os navios possam chegar aos Açores até ao final de 2025.
Conforme explica em declarações ao Açoriano Oriental o presidente da Atlânticoline, Francisco Bettencourt, o caderno de encargos para o concurso está na fase final da sua elaboração e a características gerais dos novos navios serão muito parecidas aos ferries atuais - o Gilberto Mariano e o Mestre Feijó - “que apresentam características muito ajustadas à operação e às condições do mar nos Açores”, nomeadamente ao nível da conceção do casco.
Com um motor alimentado a baterias, os dois novos navios da Atlânticoline irão operar exclusivamente nas rotas Horta/Madalena e Velas/São Roque do Pico, as mais curtas e adaptadas à autonomia da tecnologia atual para a motorização elétrica dos navios, para além de serem também as rotas com mais passageiros anuais nos Açores.
E a questão ainda em aberto no
caderno de encargos é a da decisão sobre se os navios terão a mesma
dimensão e capacidade ou dimensões e capacidades diferentes. Ou seja,
inicialmente e de acordo com o volume de passageiros, foi previsto um
navio com 35 metros de comprimento e capacidade para 250 passageiros e
10 viaturas para a ligação Horta/Madalena e um segundo navio, com 30
metros de comprimento para uma capacidade de 150 passageiros e seis
viaturas, para a ligação Velas/São Roque do Pico. Afetos exclusivamente
a estas rotas, os navios deverão fazer mais viagens do que as atuais
com os ferries.
No entanto, durante o desenvolvimento do caderno de encargos, os peritos consultados pela Atlânticoline colocaram a possibilidade dos navios terem as mesmas dimensões - neste caso os 35 metros de comprimento para 250 passageiros e 10 viaturas - o que permitiria “uma economia de escala” em caso de avaria, podendo um navio substituir o outro sem limitar a operação.
Por isso, explica Francisco Bettencourt, “se o orçamento o permitir e dentro do caderno de encargos, existe a possibilidade de eventualmente os dois navios serem idênticos, mas estamos ainda a trabalhar informação nesse sentido”.
Questionado sobre se o prazo de lançamento do concurso e da adjudicação dos navios até ao final deste ano não será muito apertado, o presidente da Atlânticoline responde, afirmando que “o risco, existe sempre, mas o essencial na nossa perspetiva é o caderno de encargos: se ele for bem feito, depois todo o concurso e a construção dos navios decorrem de forma célere”.
A chegada dos dois novos navios elétricos da
Atlânticoline irá permitir, segundo já revelou o Governo Regional, o
retomar da ligação marítima de transporte de passageiros e viaturas
entre São Miguel e Santa Maria, que deverá acontecer durante o verão e
com o recurso ao navio Mestre Feijó, o que tem maior capacidade dos
ferries atuais da Atlânticoline, nomeadamente cerca de 330 passageiros e
15 viaturas. Dependerá, no entanto, do Governo Regional a decisão sobre
a data em que retomam as ligações entre São Miguel e Santa Maria.
Refira-se
que a Atlânticoline está também já a trabalhar juntamente com a Portos
dos Açores e com a EDA no sentido de preparar a instalação da
infraestrutura necessária para o carregamento dos navios elétricos,
nomeadamente ao nível da potência instalada nos futuros pontos de
carregamento, que deverão se de carregamento rápido nos portos da
Madalena e São Roque do Pico, onde os navios apenas fazem escala e
prever o carregamento normal e rápido nos portos da Horta e Velas, onde
os navios ficam estacionados e, no fim da operação diária, podem fazer
um carregamento mais prolongado.