Açoriano Oriental
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Amorim diz que Açores provam que acordos parlamentares são "uma armadilha"

O antigo vice-presidente do Chega Diogo Pacheco de Amorim defendeu hoje que o cenário açoriano, onde o partido sustenta o Governo regional, foi um “laboratório” e mostrou que os acordos de incidência parlamentar são "uma armadilha”.

Amorim diz que Açores provam que acordos parlamentares são "uma armadilha"

Autor: Lusa /AO Online

No último discurso do primeiro dia do IV Congresso do Chega, Diogo Pacheco de Amorim afirmou que o partido teve a “sorte de ter um laboratório nos Açores”, que poderá revelar-se “crucial depois do dia 30 de janeiro”, data das eleições legislativas.

Segundo o antigo vice-presidente do partido – que substituiu André Ventura na Assembleia da República enquanto o líder do partido fazia a campanha para as eleições autárquicas – o que aconteceu nos Açores foi um “acordo de incidência parlamentar em que o Chega fez algumas exigências”, com base no que tinham “apresentado ao eleitorado” e que lhes valeu a eleição de “dois deputados regionais e a retirada da maioria absoluta que há dezenas de anos servia o PS”.

“Não pedimos nenhum lugar no Governo, apenas exigimos coisas essenciais. Passado um ano, nada se tinha passado, [era só] conversa, conversa, conversa… Aparece o Orçamento para o ano [2022] e o Orçamento não contemplava nada daquilo que nós tínhamos exigido”, alegou.

Pacheco de Amorim justificou assim o anúncio da Direção Nacional do Chega de retirada do apoio parlamentar ao Governo açoriano – que acabou por não se concretizar, com o voto favorável do deputado único do partido ao Orçamento – referindo que o partido não podia fazer “figura de palhaços”, nem ficar “desacreditado” perante os seus eleitores.

“Isto para nós foi a primeira lição: um acordo de incidência parlamentar é uma armadilha. E quais são as falsas armadilhas? Por um lado, o partido maioritário vai assobiando para o lado. Se nós não fizermos exigências, perdemos eleitorado. Se fazemos exigências, somos acusados de estar a desestabilizar”, frisou.

O antigo vice-presidente frisou que a “questão essencial” num acordo de incidência parlamentar é saber “quem é que desestabiliza”: “quem assina o acordo e não um cumpre, ou quem vem exigir que o acordo seja cumprido?”.

“Isto diz muito dos riscos que são acordos com partidos que à partida não os cumprem. Nós somos um partido de pessoas de bem, exigimos pouco, mas aquele pouco que exigimos, exigimos que seja cumprido”, salientou.

Pacheco de Amorim destacou assim que, depois das eleições legislativas, o partido irá ser posto “perante um caso dos Açores a nível nacional” e afirmou que isso será um “desafio grande”.

Abordando as eleições diretas no PSD, que irão decorrer este sábado, André Ventura salientou que Rui Rio já afirmou que “não quer governar com o Chega, quer governar com o PS”, sustentando que é bom sabê-lo porque mostra que um “voto útil no PSD é um voto no PS, ou seja, é um voto inútil”.

Quanto a Paulo Rangel, adversário de Rui Rio na luta pela presidência social-democrata, Pacheco de Amorim acusou-o de estar a “inverter responsabilidades” ao referir que não quer negociar com o Chega, e que deve ser o partido de André Ventura a assumir responsabilidades de “manter o PS” caso não viabilizem um Governo do PSD.

“Assim sendo, só há um voto útil em Portugal à direita”, referiu Pacheco de Amorim, numa alusão ao voto no Chega.

O IV Congresso do Chega arrancou hoje na Expocenter, em Viseu, e prevê-se que dure três dias, terminando no domingo.



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