Açoriano Oriental
Economia
Açores com boa taxa de investimento
Os Açores foram, no último ano de que há estatísticas (2006), a segunda região do país com melhor taxa de investimento, logo a seguir ao Algarve, revela o INE
Açores com boa taxa de investimento

Autor: Rui jorge cabral

Os Açores registaram em 2006 a segunda melhor taxa de investimento aparente do país, ou seja, a relação do que se investe face à riqueza que se produz.  Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em Portugal investe-se em média, por ano, o equivalente a um quarto da riqueza produzida. No caso dos Açores, a taxa de investimento em 2006 foi de quase um terço da riqueza produzida (31,8 por cento) um valor somente superado pelo Algarve (32,5 por cento) e superior ao da Madeira (27,6 por cento).
Um indicador positivo, num ano em que, curiosamente, os Açores até tinham tido a maior quebra a nível nacional (-32,5 por cento) se tivermos em conta apenas o valor desse investimento. Quer isto dizer que por os Açores serem a região do país com menos produção de riqueza bruta (PIB) e com menos população, mesmo investindo pouco em valor face a outras regiões do país, investem ainda assim bastante face à população e à riqueza que têm.
Aliás, se tivermos em conta que é em Lisboa e no norte do país, as regiões com o PIB mais elevado, que menos se investe face ao valor da riqueza, pode-se daqui depreender que Portugal no seu todo está a fazer um esforço de descentralização do investimento, reduzindo assim progressivamente as assimetrias regionais.
Claro que esse investimento, que estatisticamente se designa por Formação Bruta de Capital Fixo,  inclui quer o investimento das empresas, quer o das administrações públicas, quer até o privado, nomeadamente em habitação própria, pelo que os bons resultados dos Açores e da Madeira se podem dever também ao forte peso que o sector público tem no investimento nessas duas regiões, por vezes sobrepondo-se mesmo ao investimento privado, em zonas onde há carência de serviços e falta de iniciativa.
 O INE já divulgou também dados relativos ao PIB de 2007, onde se nota que os Açores tiveram uma melhor prestação ao nível do crescimento real da sua economia (onde se procura eliminar o efeito da inflação) do que ao nível do crescimento nominal (onde não é possível determinar que riqueza resulta do aumento da produção ou da simples subida de preços).
Outro dado curioso é aquele que liga o peso de uma região ao nível do emprego à riqueza que esta produz, tendo em conta o todo nacional. E aqui verifica-se, por exemplo, que o Norte emprega gente a mais para aquilo com que contribui para a riqueza nacional, enquanto que Lisboa é a região que mais riqueza produz para a quantidade de pessoas que emprega. Nesta escala, os Açores estão equilibrados, ou seja: produzem riqueza para o país numa proporção idêntica à população que empregam, embora neste particular a Madeira tenha um desempenho melhor.

Rendimento das famílias aumenta

Os dados do INE relativos a 2006  revelam também que os Açores registaram um aumento no rendimento primário e no rendimento disponível das famílias. Mas um dado que contraria um pouco a ideia da dependência que os açorianos têm das prestações sociais é o facto de, nos Açores, o rendimento primário (aquele que resulta unicamente do trabalho e da rentabilidade dos bens possuídos) ser superior ao rendimento disponível (que inclui também as prestações sociais do Estado).
Um factor positivo se tivermos em conta que em regiões como o Alentejo, o Centro e mesmo o Norte, o rendimento disponível supera o rendimento primário, o que quer dizer que, nessas regiões, o peso do Estado para assegurar o rendimento das famílias é maior em termos proporcionais à população que nos Açores, pelo menos se tivermos como referência a riqueza produzida. No entanto, os Açores estão ainda assim abaixo da média nacional (96 por cento) quanto ao rendimento per capita disponível das famílias, batidos quer por Lisboa, quer pelo Algarve e quer ainda pela Madeira, regiões que estão acima da média nacional nesta matéria.
Na estatística do rendimento das famílias, quem mais perde é Lisboa, que tem 138 por cento do rendimento primário das famílias face à média nacional, um valor que baixa para 128 por cento no rendimento disponível. Quer isto dizer que Lisboa é a região que mais contribui para a solidariedade nacional, com o Estado a desviar impostos cobrados na capital para outras regiões do país com carências e problemas sociais mais graves.

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