Açoriano Oriental
Mundial2014
Protestos esvaziados em cidades-sedes marcam primeira semana do evento
A primeira semana do Mundial2014, iniciado no último dia 12, foi marcada por protestos esvaziados nas cidades-sedes de partidas, que não contaram com o mesmo apoio das manifestações que levaram milhões de brasileiros às ruas no ano passado
Protestos esvaziados em cidades-sedes marcam primeira semana do evento

Autor: Lusa/AO online

Menos de 15 manifestações foram noticiadas pela imprensa brasileira nos últimos sete dias, todos elas realizadas por algumas dezenas ou, no máximo, centenas de pessoas. Politólogos afirmam que o esvaziamento se deu por um conjunto de fatores, entre eles o receio da violência, a comoção com o futebol e com o Mundial2014 e a polarização política entre partidos políticos.

A consultoria BITES, citada na página na internet do diário "O Globo", estima que cinco mil pessoas tenham participado nos protestos entre quinta-feira passada e a última segunda-feira, número baixo se comparado com as mais de 800 mil que saíram às ruas durante a Taca das Confederações ou com o 1,5 milhão de manifestantes, de diversas cidades, no dia 20 de junho de 2013.

O cientista político Aldo Fornazieri afirmou que a diferença entre o panorama de 2013 e deste ano começa na falta de uma reivindicação concreta dos protestos atuais. "No ano passado, o elemento desencadeador foi o preço do transporte público e, depois de uma forte repressão policial, houve o apoio de milhões de pessoas. (...) Já a questão contra a Copa [Mundial] não tinha uma reivindicação concreta, o evento iria existir", afirmou.

Fornazieri realçou que os protestos de descontentamento, sem reivindicações, são "legítimos", mas agregam poucas pessoas. O politólogo disse também que a ação dos adeptos da tática "black bloc" e a repressão policial violenta também afastaram manifestantes, e apontou como emblemático o caso de um pai que retirou o filho de uma manifestação na última quinta-feira, em São Paulo.

O sociólogo e líder de uma organização não governamental de cidadania e participação social, Rudá Ricci, afirmou que o Mundial fez com que "os brasileiros ficassem todos de chuteira", e funcionou como um apelo contra os protestos.

Fornazieri acrescentou que, como o colapso nos estádios e aeroportos não ocorreu, houve uma "reversão de expetativa", com confraternizações e hospitalidade para receber os estrangeiros.

Ricci disse também que a polarização do discurso político entre o Partido dos Trabalhadores (da presidente Dilma Rousseff) e o Partido da Social Democracia Brasileira (principal força de oposição) afastou manifestantes que não querem ser identificados com nenhum dos dois lados.

"Os grupos que ainda mantém o espírito de junho de 2013 são os 12 comitês populares da Copa e os anarquistas, que mantém a lógica e o discurso, mas estão isolados", acrescentou.

As maiores manifestações pré-Mundial foram realizadas por grupos organizados, principalmente sindicatos que pediam melhores salários e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Entretanto, os sindicatos recuaram após serem atendidos ou por terem greves consideradas abusivas pela Justiça, e o MTST obteve um acordo com o Governo federal.

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