Autor: Lusa/AO Online
"Causei muitos danos por estar lá. Magoei muitas pessoas ao longo do caminho, disse muitas coisas desagradáveis", afirmou Jason Riddle em entrevista a uma estação local da cadeia televisiva ABC em New Hampshire.
Riddle, que se declarou culpado e foi condenado a 90 dias de prisão e três anos de liberdade condicional, disse que solicitou apoio ao gabinete da senadora democrata Maggie Hassan, eleita por New Hampshire, para formalizar a rejeição do perdão.
"Tenho de reconhecer esta realidade, e parte disso é não aceitar qualquer tipo de perdão, autorização ou qualquer coisa de Trump que negue esta realidade, porque, uma vez que se faz isso, estou de volta ao ponto de partida", explicou à WMUR News 9.
Na entrevista, Riddle lembrou que, na altura, acreditava que Trump tinha perdido as eleições de 2020 de forma justa, mas queria participar na experiência de viajar para Washington para o apoiar.
"Estava claramente obcecado por Trump. Mentalmente, estava a ser mantido refém por algo que me estava a esgotar", observou.
Disse também que comparecia frequentemente nos comícios do republicano e encontrava um sentido de comunidade entre os apoiantes.
No primeiro dia de regresso ao cargo, em janeiro passado, Trump perdoou mais de 1.500 pessoas envolvidas no cerco e assalto ao Capitólio, sede do Congresso norte-americano, quando decorria a certificação da vitória eleitoral do democrata Joe Biden.
Pelo menos cinco pessoas morreram e 100 polícias ficaram feridos durante o tumulto, executado por cerca de dois mil apoiantes de Trump, pouco depois de o líder republicano lhes ter declarado que não aceitava os resultados eleitorais.
"Isto foi algo horrível que aconteceu, e eu mereço ir para a prisão, tal como Donald Trump. Ele ainda merece ir para a prisão por ter causado isto. Acho que talvez um dia vá", expressou Jason Riddle.
O líder norte-americano beneficia, no entanto, do atual estatuto de Presidente dos Estados Unidos, que o protege desta e de outras acusações federais que enfrentava antes da posse para um segundo mandato, em janeiro passado.
No mesmo mês, Pamela Hemphill, outra das condenadas pelo ataque, também rejeitou o perdão presidencial.
Hemphill, de 71 anos, disse que se sentia como parte de "um culto" que a levou a acreditar que Trump tinha sido vítima de fraude eleitoral em 2020.
"Aceitar o perdão seria um insulto aos polícias do Capitólio, ao Estado de Direito, à nossa nação", justificou aos jornalistas na altura.