Açoriano Oriental
Economia
PME dos Açores precisam de plano de recuperação fiscal
Defende o presidente da comissão executiva do BES dos Açores, Gualter Furtado, que sugere ao próximo Governo Regional que tenha em conta as "dificuldades" do comércio tradicional, nomeadamente em pagar ao Fisco
PME dos Açores precisam de plano de recuperação fiscal

Autor: Rui Jorge Cabral
Gualter Furtado, que já foi secretário regional da Finanças, lança o aviso: os Açores não estão imunes à crise financeira internacional e serão as Pequenas e Médias Empresas (PME), sobretudo o comércio tradicional, as mais afectadas na Região.
Por isso, o presidente da comissão executiva do BES dos Açores sugere ao Governo Regional que sair das eleições do próximo domingo um plano de recuperação fiscal para as PME açorianas, não para perdoar situações de fraude ou fuga ao fisco, mas para dar algum alívio financeiro a empresas que neste momento estão em dificuldade, face ao aumento do custo das matérias-primas e do crédito. “Noto que algumas PME têm dificuldades de cumprimento fiscal e não era má ideia  pensar-se num plano de recuperação fiscal ao estilo ‘Plano Mateus’, devidamente adequado aos Açores”, afirmou Gualter Furtado em entrevista ao Açoriano Oriental, à margem de um debate ontem promovido pelo BES dos Açores na Universidade sob o tema “Investir Hoje: Ameaças e Oportunidades”.
Gualter Furtado mostrou ainda preocupação face à eventual subida da inflação nos Açores, “também aí se justificando uma acção coordenada, quer em termos de transportes, quer junto das grandes centrais de distribuição do continente, por forma a aliviar um pouco a pressão inflacionista que pode vir a surgir ”, adverte. O presidente da comissão executiva do BES dos Açores  lembra, mesmo assim, algumas vantagens comparativas que os Açores têm face ao continente para enfrentar a actual crise financeira, como é o caso dos combustíveis mais baixos; da energia com subidas muito moderadas; de um IRC em 30 por cento inferior ao do continente e ainda de uma boa taxa de execução dos fundos comunitários.
Gualter Furtado dirige o único banco, neste momento, com sede nos Açores, a que se junta apenas a Caixa de Crédito Agrícola e a Caixa Económica da Misericórdia de Angra do Heroísmo. Mas estará a banca regional preparada para enfrentar esta crise financeira? “Temos tido um cuidado extremo na gestão do risco e o grupo Espírito Santo já opera em Portugal há mais de três séculos sem nunca ter tido problemas”, responde Gualter Furtado, isto apesar do reconhecimento de que há um aumento ainda não preocupante do crédito malparado ou que o resultado líquido do BES dos Açores registou uma quebra de 10 por cento no primeiro semestre deste ano, face ao período homólogo do ano passado.
Uma crise gerada pela falta de liquidez à escala mundial, por ter havido um aumento muito grande do crédito concedido sem que este fosse compensado - nas instituições que agora enfrentam grandes dificuldades - por maiores garantias de retorno.  O problema agora é que os bancos, quando querem obter financiamento junto de outros bancos  e mesmo quando têm notoriedade e solidez para o fazer, fazem-no com juros mais elevados, que têm depois necessariamente de fazer reverter sobre os clientes e sobre os seus normais créditos empresariais ou de habitação.
Para fazer face à actual situação de instabilidade nos mercados internacionais, o BES dos Açores está a apostar muito no reforço das provisões do banco, no sentido de garantir ao máximo eventuais situações de incumprimento ou de falta de liquidez.
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