Açoriano Oriental
“O Azores Rallye é um dos melhores ralis do mundo em terra”

Luís Pimentel - Presidente do Grupo Desportivo Comercial


“O Azores Rallye é um dos melhores ralis do mundo em terra”

Autor: Arthur Melo

Quais os motivos e as razões que levaram o Luís Pimentel a avançar para a presidência do Grupo Desportivo Comercial (GDC)?

Este ano celebro 40 anos de automobilismo e devido ao facto de o António Andrade não poder continuar no clube devido a motivos de saúde, decidi avançar para continuar com o projeto. Algumas pessoas entenderam não continuar, foram substituídas, e temos uma direção coesa e com enorme vontade de levar em frente o GDC. Com a minha experiência, com os contactos que possuo no mundo do automobilismo e com tudo aquilo que sei, vou dar o meu melhor para tentar recuperar parte daquilo que o clube perdeu.

A minha prioridade, além de querer equilibrar a parte financeira do clube, é voltar a ter a nossa principal prova no Campeonato de Portugal de Ralis (CPR) e deixar preparado, ou conseguir, que voltemos também a integrar o Campeonato da Europa de Ralis (ERC na sigla inglesa). Depois disso quero voltar a fazer ralis, mas a minha prioridade é ajudar o GDC e tenho a certeza que vamos conseguir colocar o clube no bom caminho.

Desde 27 de maio de 2023 que a maior ilha do arquipélago não tem um rali na estrada. Em 2024, devido às condicionantes causadas pelo incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo, não houve ralis em São Miguel. Este ano vamos ter provas do GDC na estrada?

Sim. Para já, é muito importante já termos confirmado o Rallye Além Mar no Campeonato dos Açores de Ralis (CAR), para além do Azores Rallye que já fazia parte do campeonato. O primeiro rali será nos dias 13 e 14 de junho, com o apoio da Fábrica de Tabaco Estrela. Para este rali vamos ter ainda um apoio de uma câmara municipal. Temos todas as condições para poder garantir que o Rallye Além Mar vai estar na estrada, vai correr bem e vai ser um sucesso.

E que garantias financeiras tem o GDC para a realização do Azores Rallye em novembro?

O Azores Rallye é, como todos sabem, prova candidata ao CPR de 2026 e para além dos habituais patrocinadores, temos que ter sempre – que é importantíssimo – o apoio do Governo Regional dos Açores (GRA). Esta é uma prova que é reconhecida a nível internacional, representa uma enorme promoção no exterior do nome dos Açores e todo o trabalho feito nos últimos anos tem de manter-se para recuperarmos aquilo que se perdeu, ou seja, o regresso ao CPR e, no futuro, voltar novamente ao ERC.

Sobre o Azores Rallye, e a sua importância para a promoção dos Açores, mas também para a sua economia, vamos dentro de dias demonstrar o impacto económico-financeiro que a prova teve, nos últimos anos, na economia dos Açores, mas também a visibilidade que o Azores Rallye deu da Região ao mundo. O Azores Rallye não é um rali de São Miguel. É uma prova que leva o nome dos Açores ao mundo e seria importante que todos se envolvessem.

Nos últimos dias o promotor do ERC tem, aliás, difundido várias imagens nos seus canais de comunicação do Azores Rallye, principalmente passagens dos concorrentes nas cumeeiras das Sete Cidades.

É verdade! E dos contactos que mantenho com pilotos estrangeiros, todos eles me dizem que rapidamente temos de voltar ao ERC porque o Azores Rallye é um dos melhores ralis do mundo em terra e o ERC sem a nossa prova perdeu uma das provas mais espetaculares, não apenas pelas imagens que proporciona, mas também pela sua boa organização, pelos troços fantásticos que possui e pelo entusiasmo do público.Com a reorganização que o ERC está a ser alvo vamos procurar trazer aos Açores os seus responsáveis para uma reunião – e queremos fazê-la em conjunto com a presença do GRA – para que possamos recolocar o Azores Rallye no patamar máximo dos ralis na Europa.

E o Azores Rallye vai manter-se no Tour European Rally (TER)?

Vamos continuar no TER, que é um campeonato FIA e que traz muitos estrangeiros ao rali. A promoção no exterior, através dos canais do TER, também são importantes para a promoção do nome dos Açores. O calendário do TER 2025 já começou a ser divulgado e o promotor deverá nos próximos dias anunciar a nossa prova e tudo indica que será realizada nos Açores a gala de encerramento do TER, com a presença de todos os pilotos que participam nesta competição. A acontecer, será muito importante para os Açores a realização desta festa internacional do automobilismo.

Recolocar o Azores Rallye no CPR em 2026 é o grande objetivo desta direção – aliás, já tinha sido o propósito do anterior elenco presidido por António Andrade. Mas é preciso que haja rali e depois aquela ideia que ficou nos últimos anos que os pilotos do continente não querem vir aos Açores, isso é mesmo verdade?

Nunca senti isso. Sempre senti da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), como dos pilotos nacionais e até mesmo estrangeiros, uma enorme vontade de correr nos Açores e que o rali continuasse no CPR! As razões porque o rali saiu do CPR foram questões técnicas! Já tivemos acesso aos documentos e houve coisas que não correram bem. Não quero com isso dizer que a anterior direção não fez coisas boas, nada disso; mas, de facto, houve coisas que não correram bem e essas situações, em termos de pontuação da prova, deixaram o Azores Rallye fragilizado e sem hipótese de poder estar no CPR.

Tenho a garantia que se o rali correr bem, em 2026 regressamos ao CPR. Há vários candidatos, é normal, o processo é difícil, mas temos um rali que é especial, um rali em terra que não existe em Portugal mais nenhum igual e, como já disse, no mundo há poucos com a qualidade do nosso e, por isso, temos todas as condições para em 2026 estarmos novamente no CPR. Decorrendo a prova sem problemas e com a confiança que deposito na equipa técnica, penso que vamos conseguir ter um grande rali, com qualidade, bem organizado e cumprir com mais este objetivo.

Prometi aos sócios que íamos colocar o Rallye Além Mar no CAR e esta promessa já está cumprida; a próxima é que se o Azores Rallye correr sem problemas, estaremos no CPR. Mas todos têm de perceber, neste momento, e desde patrocinadores ao GRA, a importância de termos esta prova bem organizada e com qualidade para em 2026 voltarmos a estar no CPR e ser, logo de seguida, uma prova candidata ao ERC. Repito: este ano gostaria de trazer aos Açores dirigentes da FIA e do ERC para que possam assistir à prova, de forma a que o Azores Rallye já possa ser alvo de uma observação para uma futura entrada no ERC. Este é o trabalho que esta direção já está a desenvolver e espero que todos se envolvam porque tenho a certeza que vamos conseguir ter sucesso.

Depois de no ano passado o Azores Eco Rallye ter integrado o FIA ecoRally Cup e o Campeonato de Portugal de Novas Energias, em 2025 a prova não surge no calendário. É intenção desta direção do GDC recuperar este evento?

O ano passado o GDC fez um acordo com a Madeira, ficando definido alternar a prova entre os Açores e o arquipélago vizinho. Assim, em 2025 será na Madeira e em 2026 será de novo nos Açores. No entanto, temos de perceber da parte das entidades regionais e dos nossos parceiros se há interesse em fazermos provas da chamada energia limpa. 

Anunciar que queremos a realização de eventos que não causem poluição e depois de o clube assumir as responsabilidades, não haver os apoios prometidos, acabamos por criar um prejuízo ao GDC. Queremos recuperar e equilibrar a parte financeira do clube e para que isso seja possível não podemos voltar a fazer provas que causem prejuízo financeiro ao GDC. O Azores Eco Rallye, pontuável para a FIA ecoRally Cup, obriga ao cumprimento de certos requisitos que exigem um esforço financeiro avultado por parte do clube. Se não houver apoio, não conseguimos realizar o evento. O GDC precisa saber se, primeiro, há interesse em que se faça um evento que promova os ideais da transição energética e se há apoio ou não dos parceiros. É que sem apoios não conseguimos organizar o evento.

Em 2025 o GDC celebra 65 anos. Depois das convulsões nos últimos anos, este será o ano em que o clube vai renascer?

A minha direção está empenhada em dar o seu melhor. Há que esquecer o passado e olhar em frente. Costumo dizer que se o carro tem um pára-brisas grande, enquanto o retrovisor é pequeno, isto significa que o importante é o que está à nossa frente. Por isso o pára-brisas do carro é grande, porque devemos nos preocupar com o que vem em frente. Estamos empenhados no futuro a realizar provas e alinhar o clube no caminho do sucesso.

Temos a colaborar com o clube muitos colaboradores, alguns deles há mais de 30 anos, e isso é bonito e todas estas pessoas – e espero conseguir fazer isso – devem ser reconhecidas porque a boa vontade e o esforço de todos eles é que fizeram com que o GDC chegasse aos patamares que alcançou. Publicamente aproveito para agradecer a todas estas pessoas que trabalham quase sempre nos bastidores, mas que sem a sua colaboração não tinha sido possível atingir os sucessos e os êxitos que os ralis do GDC tiveram. É preciso valorizar estes colaboradores e a boa energia que o clube está a gerar vai ser possível, novamente, termos sucesso.

Nas últimas eleições, por exemplo, conseguimos alcançar um número histórico de votantes. Apesar de só ter existido uma lista, os sócios disseram presente e isso foi uma forma de mostrar que no clube estamos unidos e que há uma vontade que as coisas mudem, para que em São Miguel continue a haver ralis e eu estou 110% empenhado em dar o meu melhor pelo clube.

O clube faz 65 anos em 2025 e é um ano para valorizarmos todos aqueles que têm colaborado com o GDC e que às vezes são esquecidos e espero que no final do ano possamos celebrar o regresso do Azores Rallye ao CPR. E se isso acontecer já será uma grande vitória para nós.

Quem será o novo diretor de provas do GDC?

Dentro de dias vou anunciar, em conferência de imprensa, a nova equipa técnica. Posso adiantar que são pessoas experientes, pessoas dedicadas ao clube e que no passado estiveram no grupo de pessoas que conduziram o Azores Rallye ao patamar máximo do ERC. Com esta nova equipa tenho todas as garantias que as coisas no terreno vão correr bem.

Para além das provas inscritas no Campeonato dos Açores de Ralis em 2025, o GDC vai ainda organizar uma prova em São Jorge. Como surgiu esta possibilidade e quando será este evento?

É uma vontade das câmaras municipais de São Jorge, às quais agradecemos a confiança depositada no GDC. No último verão tivemos uma reunião com as autarquias e agora, em conjunto com a direção de provas, vamos no próximo mês reunir para finalizar o acordo celebrado, por um lado, e por outro, definirmos as classificativas do Rallye Capital do Queijo que vai ser disputado nos dias 25 e 26 de abril.

Aproveito a ocasião para agradecer a confiança depositada pelas câmaras, através dos presidentes das Velas e da Calheta, para que o GDC organize esta prova e vamos todos colocar na estrada uma prova que vai ser um espetáculo.

O GDC pensa – ou tem possibilidades – de voltar a organizar provas locais, como aconteceu há mais de uma década, no sentido de fomentar a modalidade e, se possível, potenciar o surgimento de novos valores?

Está em cima da mesa estudarmos um apoio com algumas empresas e grupos que estejam interessados em fazermos um troféu para potenciar o surgimento de novos pilotos. Vamos também falar com a FPAK para saber qual a possibilidade de podermos contar com apoios. A Peugeot Portugal lançou – e quem sabe se não podemos replicar um modelo parecido nos Açores – um modelo mais económico do 208 Rally4, um carro ideal para jovens porque está com um preço muito competitivo. Poderá ser uma boa opção para pilotos que queiram começar a carreira. Penso que se conseguirmos reunir todas estas parcerias pode ser possível levar por diante essa ideia. Embora neste momento as prioridades sejam outras, este projeto está em cima da mesa, porque é muito importante trazer jovens pilotos para as nossas provas.

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