Autor: AO Online
«Não é talvez que a História se repita eternamente, como num círculo em permanente movimento», escreve Joel Neto em Uma História de Amor. «Mas há uma coerência fundamental nela, o que há-de ser também uma prova da derradeira racionalidade da espécie. E, ao tornar a verificá-lo, eu próprio volto a sentir o privilégio deste lugar — desta ilha que conta dessa racionalidade e dessa coerência. A Terceira. O centro do mundo. O palco de uma história de amor: terna e turbulenta e inesquecível — como só as mais passionais e belas histórias de amor.»
O amigo da América, diz-se, está agora de partida. Não é verdade: muitos serviços, métodos e referências continuam e prometem continuar. Mas as famílias americanas, bem como uma série de responsáveis e operacionais de diferentes ofícios, já se foram embora. Deixam para trás afectos e meios, mas também uma série de oportunidades perdidas e várias injustiças que só o tempo será capaz de julgar. Em suspenso, mantém-se centenas de trabalhadores – o contingente a que se reduziram os milhares do passado. Ainda há promessas por cumprir, contas por acertar, contaminações e despejos por limpar. Mas, por agora, é o futuro a dominar as preocupações. O futuro imediato daqueles que não conseguem ver as suas condições de trabalho melhoradas. O futuro longínquo daqueles que pensam nas saídas profissionais dos filhos ou na sua própria reforma e chegam até a ver na China uma saída.
A tradução da obra para o inglês é da autoria de Diniz Borges, luso-americano nascido na Praia da Vitória e feito professor secundário e universitário na Califórnia. A edição de texto e a revisão estão a cargo de Nuno Quintas e o trabalho gráfico de Rui Leitão.
Joel Neto (n. 1974) é autor, entre outros, dos romances Arquipélago e Meridiano 28, bem como da série de diários A Vida no Campo, que lhe valeu o Grande Prémio de Literatura Biográfica da Associação Portuguesa de Escritores. Nasceu e cresceu na ilha Terceira, onde foi sempre um dos «de Angra» — esses para os quais «A Base» nunca deixou de ser um universo misterioso e mítico, onde só uma vez por ano se podia entrar. Viveu vinte anos em Lisboa, onde escreveu para a maior parte dos grandes jornais e revistas nacionais, e regressou aos Açores em 2012, no intuito de se dedicar inteiramente à literatura. Uma História de Amor é o seu 17.º título.
A obra será apresentada no âmbito do Outono Vivo 2020 e a sessão de lançamento está marcada para a próxima quinta-feira, 5 de Outubro, às 20h30, no Claustro da Academia da Juventude e das Artes da Ilha Terceira. A tertúlia tem a coordenação de Tatiana Ourique e a presença, entre outras entidades civis e militares, do escritor Joel Neto, do historiador Francisco Maduro Dias, do líder histórico da Comissão Representativa dos Trabalhadores João Ormonde e de Almerindo Ázera, em representação da actual comissão.