Autor: Rui Jorge Cabral
O Havai, o arquipélago do Pacífico para onde foi uma comunidade de açorianos no século XIX, é hoje o exemplo da maior consciencialização das terceiras e quartas gerações de emigrantes para as suas origens portuguesas.
No Censo de 2020, o Havai aparece como o terceiro Estado norte-americano com mais portugueses (91 mil), a seguir à Califórnia, com 350 mil habitantes de origem portuguesa e ao Massachusetts, com 265 mil portugueses. Isto quando no Censo de 2010, o Havai era apenas o oitavo Estado norte-americano com mais portugueses.
Em declarações ao Açoriano Oriental, o diretor do Instituto Português Além-Fronteiras da Universidade Estadual da Califórnia, Diniz Borges, considera que não houve nenhum fenómeno de migração interna de portugueses de outros Estados para o Havai, havendo sim uma consciencialização de muitas terceiras e quartas gerações a residir no Havai para a sua origem portuguesa, que pode estar até num bisavô.
Refira-se que os lusodescendentes representam menos de 0,5% da população norte-americana, que era de 331 milhões de habitantes em 2020.
O último Censo à população realizado nos Estados Unidos da América (EUA) revela que no ano de 2020 havia 1 milhão, 454 mil e 262 pessoas de origem portuguesa a residir no país. Esse número significa um aumento de cerca de 50 mil pessoas com origem portuguesa relativamente ao Censo realizado em 2010, que estimava em 1 milhão e 405 mil os portugueses ou descendentes de portugueses a residir nos EUA.
E se a crise que Portugal viveu no início da década passada pode ajudar a explicar uma pequena parte desse aumento dos portugueses a residir nos EUA, através da emigração, a principal explicação está num fator estatístico, que melhorou muito a contabilização da população com origem portuguesa, conforme explica Diniz Borges.
“Até 2010, não havia uma categoria específica para os portugueses no Censo. Até essa altura, os portugueses tinham de selecionar a origem ‘outro’ e acrescentar por extenso ‘português’ na sua origem. E havia quem não o fizesse. Em 2020, o Censo permitiu não só a escolha de ‘português’ como origem - com subescolhas de açoriano ou madeirense incluídas na origem portuguesa - como também permitiu ainda que as pessoas fizessem agora várias escolhas étnicas, podendo, como acontece com muitas terceiras e quartas gerações, escolher a origem portuguesa por terem um avô ou mesmo bisavô português entre outras origens”, afirma Diniz Borges, para quem “tudo isso terá contribuído para este aumento do número de portugueses” nos Estados Unidos da América.