Autor: Lusa/AO Online
“Fiquei surpreendido quando vi a notícia de que o Governo dizia que não tinha conhecimento do trabalho realizado pelo provedor da Saúde. Até parece má-fé!, lamentou Carlos Arruda, ouvido pelos deputados a propósito da polémica em torno da extinção do cargo de provedor do Utente da Saúde, garantindo ter enviado ao executivo relatórios anuais da sua atividade.
Por seu lado, o secretário regional da Saúde defendeu que o provedor não cumpriu as funções para as quais foi nomeado, tendo mesmo falado em “ineficácia” e “pouca produtividade” no exercício do cargo, que era remunerado “ao nível de um diretor regional”.
“O provedor era um mero recetáculo de queixas. Recebia as reclamações e depois remetia-as à tutela sem sugestões ou recomendações”, justificou Clélio Meneses, acrescentando que este trabalho, além de revelar “pouco produtividade”, mostrava também “ineficácia”.
No entanto, o também médico Carlos Arruda, que foi nomeado provedor da Saúde pelo anterior governo socialista e exonerado pelo atual governo de coligação PSD/CDS/PPM, entende que houve “motivações políticas” para o seu afastamento.
“Nunca estive ligado à política, mas vivia numa espécie de bolha desde 2021, ignorado, desvalorizado e esquecido pela tutela”, lamentou o ex-provedor da Saúde, lembrando que solicitou várias reuniões com o secretário da Saúde, mas que nunca conseguiu falar com Clélio Meneses.
Durante a audição, o governante revelou ter-se deslocado pessoalmente ao gabinete do provedor da Saúde, mas o médico em causa “nunca estava no local”, versão que não coincide com a de Carlos Arruda, que garante que o secretário “passou várias vezes” à porta do seu gabinete, mas “nunca parou para falar ou saber se precisava de alguma coisa”.
As audições do ex-provedor da Saúde e do secretário regional da tutela ocorreram por iniciativa do PS, que quis saber quais as razões que levaram à extinção do cargo, mas o assunto foi desvalorizado pelos deputados do PSD, que entendem que o aproveitamento político deste caso não passa de uma “hipocrisia”.