Autor: Susete Rodrigues/AO Online
A ilha Graciosa já reabriu todos os seus serviços administrativos e municipais à população?
Ainda
não estamos a 100%, mas muitos dos serviços já reabriram como os do
Estado, mas só por marcação. Estão a trabalhar praticamente à porta
fechada. Os serviços da administração regional e os da autarquia estão a
funcionar de porta abertas com as devidas regras de proteção, ou seja,
com o uso de máscara, com o cumprimento dos distanciamentos. Aliás na
entrada da Câmara Municipal de Santa Cruz tem um colaborador que fornece
uma máscara para quem tenha que vir e não a tenha. Também fizemos
algumas mudanças internas nos espaços da autarquia para melhor
acessibilidade ao público, colocamos acrílicos, sinalética e penso que
as pessoas estão a adaptar-se.
No que diz respeito a creches e escolas, como foi o regresso?
A
Creche, Jardim-de-infância e CAO da Santa Casa da Misericórdia de Santa
Cruz da Graciosa já reabriu com as normas impostas. A Escola Básica e
Secundaria da Graciosa também abriu mas só para os alunos do 11o e 12o
anos e tem estado a funcionar bem até porque o número de alunos aqui na
Graciosa a frequentar as aulas presenciais são muito poucos. Devo dizer
que a autarquia sempre esteve em contacto com o Conselho Executivo da
escola quando começou as aulas online e a telescola, na primeira semana
foi um pouco mais difícil para adaptação dos professores e alunos mas
agora está tudo a correr bem.
Em termos de retoma a essa nova normalidade, vê-se mais movimento da população nas ruas?
Já
se vê muita gente. Quando digo muita gente falo à nossa dimensão, até
porque somos cada vez menos na ilha. Por exemplo, algumas pessoas já
saem de casa e, para além de irem às compras ou à farmácia, já vão tomar
um café, claro que entram de máscara.
Penso que com calma e devagar
estamos a encaminhar para um bom regresso, embora as pessoas se
preocupam um pouco porque vamos passar um verão totalmente diferente,
não há festas e também estamos a aguardar para saber quais os
procedimentos a tomar em relação às zonas balneares, isso para podermos
aproveitar da melhor maneira e dentro das nossas especificidades o
verão. De uma forma geral já se vive na ilha de outra forma.
A restauração e hotelaria na Graciosa já retomaram as suas atividades?
A
restauração reabre a partir desta semana, houve aqui um tempo para que
os empresários se adaptassem às novas normas. Por outro lado, certamente
que os empresários dos cafés e restaurantes vão apostar, este verão,
nas esplanadas – até porque não é nada agradável estarmos em espaços
fechados com máscara - e desta forma a Câmara Municipal não irá cobrar
as taxas de ocupação dos espaços das esplanadas para facilitar um pouco o
nosso comércio.
Os eventos organizados pelo município foram
cancelados. As verbas que lhes estavam destinados vão ser canalizados
para o apoio social?
Vamos dividir as verbas que estavam destinadas
aos eventos. Por um lado, está em consulta público um Fundo de
Emergência Social que foi criado pelo município; vamos canalizar algumas
dessas verbas para as nossas quatro Juntas de Freguesias e vamos também
apoiar as nossas coletividades, temos mais de 30 coletividades.
A operação de passageiros interilhas da SATA Air Açores já retomou, é uma situação que o preocupa?
Neste
momento não temos nenhum caso positivo de Covid-19, a ilha está livre
mas claro que há preocupações com o recomeço dos voos interilhas. No
entanto, temos que ser confrontados com essa realidade porque não
podemos viver eternamente fechados. A responsabilidade - e é o que
pedimos nos nossos munícipes - é que cada um seja responsável por si e
pela comunidade onde está.
Na sua opinião, o controlo que é realizado à chegada aos aeroportos de Ponta Delgada e Terceira, devem manter-se?
O
controlo deve continuar mas as regras têm de ser mais claras porque -
cada caso é caso - mas vamos ouvindo relatos de pessoas que vieram de
Lisboa e que ainda estão em Ponta Delgada, que não realizaram o teste no
dia que chegaram e tiveram vários dias sem o fazer. Penso que há
qualquer coisa que está a funcionar menos bem. Na minha opinião é
preciso afinar um pouco este procedimento, o controlo deve ser feito à
chegada ou a Ponta Delgada ou à Terceira mas tem de ser mais rápido para
que as pessoas esperem menos tempo numa destas duas ilhas, para
regressarem à sua ilha.
Falou-se de uma outra preocupação na ilha que
é a chegada de areia à Graciosa. Nesse momento como se encontra o
abastecimento de areia?
Realmente foi uma preocupação a chegada de
areia para a construção civil. Para uma ilha pequena como a nossa, a
existência de areia é muito importante e estivemos uma temporada
relativamente grande sem areia, mas entretanto o barco já chegou e tem
estado a descarregar. Esse abastecimento é muito importante para a nossa
economia. Nesse momento estamos servidos e bem.
O Governo dos Açores
anunciou a criação de uma nova rota marítima que irá servir a ilha
Graciosa este verão, em virtude do cancelamento da operação sazonal de
passageiros da Atlânticoline, em que a Graciosa ficaria sem ligações às
restantes ilhas do Grupo Central. Está satisfeito com a ‘Linha Branca’
que foi criada?
Temos que dizer que a proposta é boa, ainda bem que
da discussão nasce a luz. Os graciosenses estão satisfeitos com as duas
viagens ao Grupo Central, às segundas-feiras e às sextas-feiras. A
viagem começa no Faial, passando pelo Pico, São Jorge, Graciosa e
Terceira. A nossa preocupação era podermos escoar os nossos produtos,
principalmente de 15 de julho a 15 de setembro porque é um período muito
importante para o escoamento dos nossos produtos de verão. ♦