Açoriano Oriental
Chumbada pretensão do PS de criar segunda comissão de inquérito ao HDES

PSD, Chega e PPM chumbaram, na Comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do parlamento açoriano, a pretensão do PS de se criar uma segunda comissão de inquérito ao incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES)

Chumbada pretensão do PS de criar segunda comissão de inquérito ao HDES

Autor: Lusa/AO Online

Para justificar o voto contra, a deputada social-democrata Délia Melo lembrou que já existe uma comissão de inquérito criada, por iniciativa do PSD, para analisar o assunto e propôs, em alternativa, que todos os pontos da proposta do PS sejam discutidos no âmbito dos trabalhos da primeira comissão, sem que seja necessário um novo inquérito.

“A proposta do partido social-democrata explica bem que estas duas questões (…) serão analisadas e discutidas na comissão de inquérito já criada e instalada”, explicou a deputada do PSD, durante a reunião da comissão, realizada em Ponta Delgada.

A proposta do PSD para a inclusão dos itens do inquérito proposto pelo PS nos trabalhos da comissão que já existe foi aprovada com os votos a favor do PSD, do Chega e do PPM, e com a abstenção dos deputados do PS e do PAN.

O deputado socialista José Gabriel Eduardo entendeu que “não é claro” que os assuntos que o PS pretende ver debatidos na comissão de inquérito (questões relacionadas com o financiamento das obras de reconstrução do hospital), possam ser incluídos nos objetos da comissão do PSD, mas admitiu retirar a sua proposta, se houver “abertura para o diálogo”.

“O PS poderá propor, na reunião da Comissão de Inquérito já criada, a admissibilidade de alguns itens, para expor bem aquilo que é nosso objeto e, se isso acontecer, e se houver abertura ao diálogo, o PS estará recetivo a retirar a sua proposta de resolução”, adiantou o deputado socialista.

Os socialistas, que são o maior partido da oposição no arquipélago, até foram os primeiros a anunciar a intenção de criar uma comissão de inquérito para avaliar as medidas tomadas pelo governo de coligação (PSD/CDS-PP/PPM) na gestão da catástrofe, após o incêndio de 4 de maio, mas os sociais-democratas foram os primeiros a entregar uma proposta no parlamento, com caráter potestativo, que já se reuniu e foi instalada.

Os sociais-democratas pretendem que a comissão, que deve apresentar um relatório final, no prazo de 120 dias (a contar da tomada de posse dos seus membros), apure as causas do incêndio e avalie os atos praticados pelo Conselho de Administração do HDES e pelo Governo Regional “aquando da ocorrência e na sequência dela”.

A bancada do PS na Assembleia Legislativa dos Açores pretendia avaliar também as decisões tomadas pelo executivo de direita e pela administração hospitalar após o incêndio, mas também perceber se a opção pela construção de um hospital modular foi ou não a mais correta por parte do executivo.

As duas propostas para a criação de comissões de inquérito foram admitidas pelo presidente do parlamento açoriano, o social-democrata Luís Garcia, apesar de o regime jurídico das comissões parlamentares de inquérito não permitir a existência de duas comissões, em simultâneo, para debater o mesmo assunto.

Luís Garcia lembrou que as duas propostas “não são totalmente coincidentes” e que existem objetivos na comissão proposta pelo PS que não figuravam na comissão proposta pelo PSD, razão pela qual decidiu remeter o assunto à apreciação da Comissão de Assuntos Parlamentares, para que fizesse uma avaliação sobre o “enquadramento legal” deste caso.

O incêndio que deflagrou no dia 4 de maio no HDES, na ilha de São Miguel, teve origem “numa das duas baterias de correção do fator de potência” e foi combatido durante cerca de sete horas pelos bombeiros voluntários, obrigando à transferência de todos os doentes internados para outras unidades de saúde, incluindo para fora da região, e provocando um prejuízo estimado em mais de 24 milhões de euros.


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