Autor: Lusa /AO Online
“É com satisfação que vemos que a Task Force tenha compreendido a desvantagem percentual da Região Autónoma dos Açores relativamente ao continente e que vá proceder à correção com o envio de mais doses de vacinas”, afirmou Berto Cabral, que é também diretor regional da Saúde dos Açores, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
O coordenador do Plano de Vacinação contra a covid-19, Gouveia e Melo, admitiu hoje que os Açores têm “alguma desvantagem” no processo de vacinação, em termos comparativos com o continente, uma situação que está agora a ser corrigida.
“Nós fazemos uma distribuição percentualmente equitativa. No entanto, na primeira fase do processo de vacinação estávamos a vacinar pessoas acima dos 60 anos e, de facto, aconteceram algumas distorções, porque a distribuição etária da população no território nacional não é uniforme. Nós agora estamos a corrigir esta distribuição. […] Os Açores têm alguma desvantagem em termos percentuais relativamente ao continente, portanto nós estamos a fazer essa correção”, afirmou.
Gouveia e Melo chegou hoje aos Açores para acompanhar uma equipa militar, com nove elementos (seis enfermeiros, dois médicos e um farmacêutico), que vai ajudar no processo de vacinação em massa de cinco ilhas sem hospital (Santa Maria, Flores, Graciosa, São Jorge e Pico), até 20 de junho.
Segundo o diretor regional da Saúde, com a publicação do Orçamento da Região, que prevê a contração em regime de prestação de serviços de enfermeiros e outros profissionais de saúde, há condições para que o processo de vacinação possa “acelerar” também nas ilhas com hospital (Faial, Terceira e São Miguel).
“O recurso a estes profissionais será uma realidade nos próximos dias, o que permitirá o aumento diário da vacinação nestas ilhas e o alargamento do horário em que a mesma decorre, sempre de acordo com a disponibilidade de vacinas na região”, frisou.
“Só ontem [quinta-feira] na ilha de São Miguel foram administradas 1.300 doses de vacinas, sinal de que o processo continua a decorrer em toda a Região Autónoma dos Açores”, acrescentou.
O presidente do Governo Regional dos Açores disse esperar que todas as ilhas da região atinjam os 70% de pessoas vacinadas até final de julho, mas Berto Cabral considerou que “dificilmente” a região voltará à normalidade que conhecia antes da pandemia este verão.
“É preciso perceber que, em agosto, estaremos com uma taxa de vacinação significativa, mas ainda nem todos estarão vacinados. É uma avaliação que vamos fazendo, quase semana a semana. Vamos percebendo a evolução do processo de vacinação, vamos avaliando os internamentos, as faixas etárias dos internamentos, a gravidade destas situações. É todo este conjunto de informação e análise que nos levará a alterar algumas medidas restritivas”, avançou.
Nas ilhas Terceira e São Miguel, as mais populosas do arquipélago, a vacinação “decorre essencialmente nos grupos que têm patologias”, ainda assim, o diretor regional da Saúde reiterou o apelo para que quem tenha mais de 60 anos, e não tenha sido chamado, entre em contacto com o centro de saúde da sua área de residência.
“Por exemplo, a obesidade é uma das situações que está prevista na segunda fase de vacinação. A título de exemplo, as pessoas da Região Autónoma dos Açores que tiveram de ir para tratamento de ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorporal) fora da Região Autónoma dos Açores tinham uma característica: eram jovens e eram obesos”, salientou.
O responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional revelou ainda que a vacinação de pessoas com patologias nos estabelecimentos prisionais da região “já ocorreu” e que os nadadores-salvadores também foram incluídos nesta fase.
Ainda sem vacinas da Janssen, os Açores receberam na segunda-feira 35.000 doses da Pfizer (sem contar com as 15 mil destinadas à vacinação em massa nas ilhas sem hospital) e preveem receber mais 46.800 doses da mesma farmacêutica no dia 21 de junho.
Segundo Berto Cabral, já foram administradas nos Açores 146.999 doses de vacinas contra a covid-19, a 92.036 pessoas (37,3% da população, de acordo com os Censos de 2011), das quais 54.963 com duas doses (22,3%).
Os Açores têm atualmente 279 casos ativos de infeção pelo novo coronavírus que provoca a doença covid-19, todos em São Miguel.
Desde o início da pandemia foram diagnosticados na região 5.653 casos de infeção, tendo ocorrido 5.211 recuperações e 33 mortes. Saíram do arquipélago sem terem sido dadas como curadas 79 pessoas e 51 apresentaram comprovativo de cura anterior.