Autor: Lusa/AO Online
“Uma das coisas com que eu me preocupo é que não se perca a identidade, porque isso vai-se refletir no futuro. É só ir a outros destinos. Nos destinos em que a ganância os dominou, acabaram por se degradar e perder a sua identidade. Vem a seguir a degradação do preço”, afirmou aos jornalistas o presidente das Casas Açorianas.
Na vila das Velas, em São Jorge, teve início o encontro anual da associação, que tem este ano como tema “Não perca o rumo”.
Segundo Gilberto Vieira, os alojamentos de turismo rural nos Açores têm conseguido manter a qualidade e a identidade, mas o turismo na região tem de “começar a limar arestas”.
“A identidade mantém-se, mas começa a haver alguma pressão de outras tipologias que acabam por tentar levar as pessoas a algum facilitismo, que pode adulterar e ter consequências negativas”, alertou.
O presidente das Casas Açorianas disse que a sazonalidade se atenuou em 2024, regressando aos valores pré-pandemia de covid-19, mas defendeu que “é preciso ter cuidado”, para “não entrar em euforias”.
“A pandemia veio despertar interesse por locais com estas especificidades, que permitem alguma qualidade de vida e alguma preservação”, salientou.
Na sessão de abertura do encontro, o presidente da Câmara Municipal das Velas, Luís Silveira, defendeu também que é preciso “definir o rumo do turismo nos Açores” e assegurar que quem vive nas ilhas continua a querer receber turistas.
“Temos de começar a selecionar, a perceber que turismo queremos na ilha [de São Jorge] e a perceber que não queremos turismo de massas, queremos um turismo sustentável, que deixe menos pegada ambiental, mais valor acrescentado e que as pessoas que recebem os turistas nos territórios os vejam como uma mais-valia”, frisou.
Para Luís Silveira, a época alta do destino “já está vendida por si só”, mas é preciso “trabalhar para diminuir a sazonalidade”.
“É tão bom fazer um trilho com algum nevoeiro. O que é preciso é que depois tenhamos condições para acolher o turista. É preciso ter complementos”, disse.
Reconhecendo que há “muito trabalho a fazer”, o autarca considerou que a evolução tem sido positiva.
“Era impensável ver turistas em São Jorge nos meses de fevereiro, janeiro, dezembro ou novembro. Hoje já vemos, não tantos quantos queremos nesta altura do ano”, revelou.
Já Décio Pereira, presidente da Câmara Municipal da Calheta, outro concelho da ilha de São Jorge, defendeu que é preciso assegurar a identidade da ilha e ter mais rigor na sua divulgação.
“Penso que o grande ponto de reflexão que temos de ter para o futuro é a salvaguarda da nossa identidade. Isso é o que nos diferencia no momento e é o que nos tem de diferenciar no futuro próximo”, vincou.