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PPM espera que PS perca maioria absoluta devido ao “descontentamento popular”

O líder regional do PPM nos Açores afirmou este domingo que mantém a expectativa de que o Partido Socialista (PS) perca a maioria absoluta no arquipélago, até porque tem constatado que existe um “descontentamento popular” devido às “desigualdades sociais”.

PPM espera que PS perca maioria absoluta devido ao “descontentamento popular”

Autor: AO Online/ Lusa

“Tenho feito campanha em todas as ilhas e, como já participo nas eleições regionais desde 2000, desta vez pude constatar que há um descontentamento popular e tenho a expectativa que o PS perca a maioria absoluta”, disse à Lusa Paulo Estêvão, durante o oitavo dia de campanha eleitoral.

O responsável, que também é candidato pelo círculo eleitoral do Corvo em coligação com o CDS, tem verificado nas ruas que “há um grande cansaço por parte da população” devido às condições sociais existentes.

“Somos a região de Portugal com maiores desigualdades sociais. Também somos as regiões com piores resultados educativos, com os piores indicadores na área da saúde. Temos problemas sociais gravíssimos. Um terço da nossa população vive com pobreza extrema e está a crescer, portanto, os problemas são tão grandes que o Governo começa a acusar algum desgaste”, relatou.

Além disso, criticou o Governo socialista, que lidera os Açores há 24 anos, por ter criado um "controlo da sociedade": "os donos das empresas sabem que não podem dizer nada contra o Governo, porque senão não recebem apoios. Os militantes do PS e os familiares já sabem que ganham os concursos, portanto, não há uma democracia, tem um funcionamento muito limitado”, apontou.

Para Paulo Estêvão, o PS tem continuado na liderança devido a este controlo e também pela elevada abstenção, uma vez que em 2016 só tiveram o apoio de 15% dos cidadãos, enquanto “85% optou pelos partidos da oposição ou se abstiveram”.

“O afastamento das pessoas das urnas, umas por receio, outras por desinteresse, outras porque já não acreditam que seja possível mudar, isto também beneficia o PS e o Governo, porque têm um conjunto de fiéis que domina toda a máquina da administração e estes votam sempre”, considerou.

O líder regional falava à Lusa depois de uma ação de campanha na Lagoa Funda, nas Lajes das Flores, na ilha das Flores, onde o candidato do PPM e cabeça de lista Gustavo Alves e o líder nacional do partido, Gonçalo da Câmara Pereira, se focaram na sensibilização para temas ambientais.

Segundo Paulo Estêvão, uma das questões abordadas foi a “enorme proliferação de cana roca e também de outras espécies invasoras que estão a alterar gravemente o habitat da ilha”, defendendo a sua erradicação com “uma ação direta”.

“Há vários processos e tecnologias, mas não pode é acontecer o que está a acontecer neste momento, em que as autoridades não estão a utilizar nenhum dos métodos que existem para controlar a propagação destas infestantes”, referiu.

Além disso, também aproveitaram para chamar a atenção para uma das grandes lutas do partido: o impedimento da construção de uma grande incineradora na ilha de São Miguel, um projeto de quase 60 milhões de euros que terá “um impacto ambiental tremendo”.

“Além da emissão que resulta da queima, o outro impacto evidente tem a ver com o fim do processo de reciclagem, porque a partir do momento em que esta incineradora necessita de ter uma grande quantidade de resíduos para queimar para ser rentável, a reciclagem, o reaproveitamento e todo esse processo termina de imediato”, explicou.

Para tentar travar este projeto dos municípios e do Governo regional, Paulo Estêvão intentou uma ação popular em tribunal que aguarda uma decisão “há dois meses".

As legislativas dos Açores decorrem em 25 de outubro, com 13 forças políticas candidatas aos 57 lugares da Assembleia Legislativa Regional: PS, PSD, CDS-PP, BE, CDU, PPM, Iniciativa Liberal, Livre, PAN, Chega, Aliança, MPT e PCTP/MRPP. Estão inscritos para votar 228.999 eleitores.

No arquipélago, onde o PS governa há 24 anos, existe um círculo por cada uma das nove ilhas e um círculo de compensação, que reúne os votos não aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.


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