Administrador Diocesano alerta para os impactos de uma vida centrada na tecnologia e desafia finalistas a centrarem-se na pessoa e no bem comum

Cónego Hélder Fonseca Mendes presidiu à Bênção dos finalistas em Ponta Delgada.



Cerca de 300 alunos, finalistas deste ano e os que já terminaram as suas licenciaturas em 2020 e 2021, reuniram-se esta tarde nas Portas da Cidade, em Ponta Delgada, para a tradicional bênção das Pastas.

A celebração, com os finalistas deste ano e dos dois anteriores, que não tiveram cerimónia devido à covid-19, foi presidida pelo Administrador Diocesano, Cónego Hélder Fonseca Mendes que desafiou os finalistas de 14 cursos a colocar o seu saber especializado ao serviço do bem comum, sem nunca perder de vista que a defesa da dignidade humana está sempre em primeiro lugar, para além da tecnologia.

“A especialização é necessária por aprofundar o conhecimento, mas não podemos exagerar nas especialidades sem ver o todo do humano” referiu o cónego Hélder Fonseca Mendes.

“A diferença dos nossos dons e competências nunca será causa de guerra e de destruição dos outros, mas de riqueza em ordem ao bem comum, de que somos os primeiros beneficiários, pois o Espírito Santo é único e o mesmo”, afirmou a partir da liturgia deste Domingo de Pentecostes.

“Reparemos que não só dons só de cabeça, mas de coração e de corpo inteiro. Não há dons egoístas, mas de relação, em nós, para os outros, em ordem ao bem comum”.

“O Espírito Santo, o dom de Deus, derrama-se hoje em línguas, que nos permitem entendermo-nos uns aos outros na diversidade, e ainda em sete dons tal como o dom da ciência, do entendimento ou da inteligência, da sabedoria, do conselho, da piedade, da fortaleza e do respeito ou temor de Deus”, recordou o sacerdote que afirmou dever se “assim connosco em casa, com os amigos, na vida académica ou profissional”.

A partir da exortação pós-sinodal “Cristo Vive”, escrita pelo Papa Francisco depois do sínodo dos Jovens, o Administrador Diocesano falou na necessidade de se promover uma formação integral dos jovens, que não se centre apenas na ciência mas tenha em conta a dimensão cultural, espiritual e humana que possa contrabalançar alguns dos modelos “de vida banais e efémeros”, que estimulam “a perseguir o sucesso a baixo preço”, “desacreditando o sacrifício” ou “inculcando a ideia de que o estudo não serve, se não leva imediatamente a algo de concreto”.

A propósito da incerteza e das dificuldades que esperam muitos destes licenciados, o sacerdote deixou também uma palavra de esperança, desafiando os jovens presentes a não renunciarem aos sonhos e a persistirem nas suas vocações.

“Estes duros limites não vão desaparecer com o progresso científico que até agora críamos linear, crescente e ilimitado. Eles aí estão com forte impacto sob a forma de doença, de guerra ou de pobreza, que chamados a combater”, lembrou o cónego Hélder Fonseca Mendes.

“Nem as novas profissões que se avizinham nesta década com o meta verso são garantia de que não iremos sofrer os impactos de uma `vida tecnológica´ que tenta replicar a realidade através um espaço coletivo e virtual compartilhado, constituído pela soma da realidade virtual, da realidade aumentada ou da internet” referiu ainda.

Na homilia que proferiu durante a cerimónia da Bênção das Pastas, dirigiu-se especialmente aos “270 alunos” que terminam hoje um “ciclo importante” da sua vida.

“Tal como Jesus, rezamos e pedimos a bênção nos momentos mais significativos da nossa biografia pessoal”.

“O acontecimento é ocasião oportuna para dar graças a Deus pelo bom êxito do trabalho realizado, quer pelos professores quer pelos alunos, com o apoio dos pais, demais familiares e benfeitores, e simultaneamente implorar a bênção divina para os finalistas que vão assumir novas responsabilidades nas suas atividades profissionais, a partir de agora”.

“A melhor herança que um filho pode receber dos seus pais e professores é a educação e a formação. Trata-se de algo imaterial e espiritual, ainda que laborioso e dispendioso” afirmou, ainda.

“O grande anúncio para todos os jovens que a Igreja faz no domingo de Páscoa, domingo ampliado em sete semanas, a que chamamos etimologicamente de Pentecostes, é que temos um Deus que é Amor, e que se traduz por Deus ama-te”.

Nesta celebração estiveram presentes as autoridades académicas e regionais.

Para este domingo, está marcada ainda a Monumental Serenata, que vai regressar à escadaria da Câmara Municipal de Ponta Delgada, pelas 21h30.

Até dia 13 prossegue um programa festivo com concertos e o desfile académico.


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