Autor: Rui Jorge Cabral
Para um apreciador de ralis, entrar no Museu do Rali, na cidade minhota de Fafe, é como uma criança entrar numa loja de brinquedos... Logo à entrada, o cheiro a gasolina não engana... Os carros expostos não são miniaturas, são mesmo lendas dos ralis em tamanho real.
E no Museu do Rali, os Açores têm um lugar de destaque. Conforme explica em declarações ao Açoriano Oriental o fundador do Museu do Rali em Fafe, “este cantinho açoriano tem uma grande importância para nós, porque o Museu do Rali foi pensado desde o seu primeiro dia para incluir também as regiões autónomas, porque Portugal é um todo e, no caso dos ralis, sabemos que há na Madeira e nos Açores grandes aficionados e grandes ralis de coeficiente europeu”.
No Museu do Rali, foram assim criados dois pórticos, um dedicado ao Rali Vinho Madeira e o outro dedicado ao Azores Rallye, onde estão inscritos todos os vencedores da prova rainha dos ralis açorianos, desde 1965 até 2023.
“Fazemos por isso questão que os açorianos aficionados dos ralis, quando se deslocarem ao continente, venham visitar este museu”, afirma José Pereira. No pórtico dedicado aos Açores, está um Renault Clio Williams com as cores da antiga equipa oficial portuguesa, que correu no Azores Rallye na década de 1990 e no seu interior está uma miniatura de um Ford Escort Cosworth com que o seis vezes campeão dos Açores, Gustavo Louro, correu no Rallye de Portugal, assinada pelo piloto.
Mas é uma roda “especial” assinada pelo tricampeão nacional e 10 vezes campeão dos Açores, Ricardo Moura, que se destaca no cantinho açoriano do Museu do Rali, onde é possível também ver resumos televisivos dos anos de ouro do rali açoriano no campeonato nacional e europeu.
Conforme recorda José Pereira, Ricardo Moura “estava a fazer um teste em Fafe e teve um percalço com uma das rodas”, sendo que esta roda acabou no Museu do Rali em Fafe por intermédio de um adepto de ralis, admirador de Ricardo Moura e amigo do museu, de seu nome Carlos Costa, que estava a acompanhar este teste.
Ao Açoriano Oriental, Ricardo Moura recorda que esta situação aconteceu este ano, em fevereiro, “quando fomos visitar o museu após um teste realizado com o novo Skoda Fabia RS Rally2”, sendo que “essa roda foi uma roda usada nesse teste e que me foi solicitada por um seguidor para entregar ao museu. Era uma roda que estava montada no carro e, como os troços já estavam duros, empenou”.
O piloto com mais títulos conquistados nos Açores e que desde 2017 só disputa ralis ocasionais, afirma ainda que “sempre adorei correr em Fafe”, uma terra de aficionados dos ralis, onde “o público é fantástico, seja num rali ou num teste e as classificativas são fora de série”.
José Pereira tem 53 anos, é natural de Fafe e é empresário no setor do mobiliário de escritório. Os ralis sempre foram uma das suas paixões, afirma, uma vez que em Fafe “nós respiramos ralis”, nesta terra onde “os ralis passam à porta de casa de cada fafense”.
José Pereira assumiu há cerca de cinco anos a presidência do Clube Automóvel de Fafe (CAF) e um ano depois, em julho 2021, surgiu por sua iniciativa e da sua filha Diana, em plena pandemia de Covid-19, o Museu do Rali, no centro da cidade de Fafe.
José Pereira salienta o apoio imediato da Câmara Municipal de Fafe a este projeto até porque, explica, “em Fafe temos uma grande marca ‘Rali’, mas que só era aproveitada em fevereiro/março, com o rali do nacional e em maio, com o Mundial de Ralis, mas no resto do ano a marca caía... Com a criação do Museu do Rali, temos ‘Rali’ em Fafe todos os dias, menos à segunda-feira, quando estamos encerrados”.
Atualmente,
o Museu do Rali expõe cerca de 30 carros, com alguma rotação entre
eles, entre réplicas de qualidade irrepreensível, recriações e alguns
originais dos carros de rali que fizeram as delícias dos adeptos
sobretudo nas décadas de 1970, com os Grupo 4; de 1980, com os Grupo B e
de 1990, com os Grupo A e os primeiros WRC.