Açoriano Oriental
UGT/Açores quer que setor social siga exemplo do privado nos aumentos salariais

O líder da União Geral dos Trabalhadores (UGT) dos Açores disse hoje que os sindicatos do setor privado conseguiram aumentos salariais de 2 a 3% na região para 2022 e apelou para que outros setores sigam o exemplo.

UGT/Açores quer que setor social siga exemplo do privado nos aumentos salariais

Autor: Lusa /AO Online

“Apesar da crise pandémica e das consequências que ela teve sobre o setor turístico, conseguiu-se fechar acordos, no âmbito da negociação coletiva, com aumentos médios na ordem dos 2%, o que é positivo. Gostaríamos que outros setores, nomeadamente o setor social, seguissem o exemplo do setor privado”, afirmou Francisco Pimentel.

O dirigente sindical falava numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, na qual apresentou o caderno reivindicativo da UGT para 2022, que inclui, entre outras medidas, o aumento médio dos salários entre 2 a 3% nos setores privado, cooperativo e social.

Segundo Francisco Pimentel, “principalmente no setor privado em São Miguel, os acordos foram positivos”, tendo já sido fechados acordos para aumentos salariais na ordem dos 2 a 3%, em áreas como a indústria de laticínios e o turismo.

“Ainda há empresas e empresários que, se querem ter trabalhadores qualificados, sabem que têm de apostar no rendimento do trabalho”, frisou.

Depois de dois períodos de greve, as negociações com Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e Misericórdias ainda estão a decorrer, mas o líder da UGT deixou um apelo para que as instituições façam “repercutir” o reforço de meios financeiros do Governo Regional nos salários dos funcionários.

Outra reivindicações da UGT nos Açores é a substituição dos programas ocupacionais por programas ativos de emprego, que apostem na qualificação profissional.

“É preciso direcionar esses trabalhadores para formação que os qualifique para as necessidades do mercado”, frisou Francisco Pimentel, acrescentando que é também necessário “alterar o quadro legislativo para que as pessoas não se acomodem a programas ocupacionais”.

A central sindical defendeu ainda a melhoria da qualidade dos serviços públicos regionais, reiterando a necessidade de criação de uma comissão de recrutamento de dirigentes.

“É preciso trabalhar no sentido de que os dirigentes da administração pública regional e nacional sejam recrutados com base no princípio da competência e não com base no princípio da lealdade política”, apontou o líder da UGT.

Francisco Pimentel disse ser necessária também uma reestruturação do setor público empresarial regional, para que seja gerido “por quem sabe gerir” e para que haja uma responsabilização dos gestores.

“Não podemos aceitar que passem sucessivamente conselhos de administração pela SATA Air Açores e que a SATA depois fique numa situação periclitante, como está neste momento, e depois que o Governo Regional tenha de injetar milhões do erário público”, exemplificou.

O líder da UGT/Açores congratulou-se com o aumento do diferencial fiscal no IRS em relação ao continente português de 20 para 30%, em todos os escalões, medida que a central sindical reivindicava “há cinco anos”.

Congratulou-se ainda com os aumentos da remuneração complementar e dos complementos regionais de pensão e abono de família “muito acima da inflação”, mas lamentou que os sindicatos não tenham sido ouvidos.

“Fazemos mais uma vez um apelo ao senhor secretário regional das Finanças para que na discussão do Plano e Orçamento para 2023 se cumpra a lei da negociação coletiva com os sindicatos da administração pública”, afirmou.

No caderno reivindicativo, a UGT defendeu que é preciso “apostar num novo modelo de desenvolvimento económico” nos Açores, que “reforce, aumente, modernize e diversifique” o tecido empresarial produtivo.

“Precisamos de um novo modelo que reindustrialize as nossas potencialidades endógenas, aproveitando o setor agrícola, o setor das pescas e que possam surgir empresas que criem empregos e que criem bens e serviços transacionáveis”, sublinhou Francisco Pimentel.

O dirigente sindical apelou ainda à implementação de “medidas concretas para fixar população” nas ilhas mais pequenas, alegando que “é preciso olhar para os Açores como um conjunto e acabar com o discurso bairrista”.



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