Açoriano Oriental
Sindicato diz que greve na Aerogare das Lajes obrigou ao cancelamento de voos, administração nega

O Sintap afirmou esta sexta feira que a greve às horas extraordinárias dos técnicos das operações aeroportuárias da Aerogare Civil das Lajes, nos Açores, já provocou cancelamento de voos, mas a direção da infraestrutura fala apenas em atrasos.

Sindicato diz que greve na Aerogare das Lajes obrigou ao cancelamento de voos, administração nega

Autor: AO Online/ Lusa

“Os últimos voos, associados ao facto de o clima estar instável, acabam por se atrasar e acabam por não se efetuar quando se aproxima das 21:00 [22:00 em Lisboa], que é a partir da hora em que estamos de greve”, disse à Lusa Amílcar Martins, delegado do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e Entidades com Fins Públicos (Sintap).

A greve dos técnicos das operações aeroportuárias da Aerogare Civil das Lajes, na ilha Terceira, iniciou-se em 04 de dezembro e estende-se até dia 31, englobando apenas as horas extraordinárias, ou seja, o período entre as 21:00 e as 07:00.

Segundo o delegado do Sintap, a adesão à greve tem sido de 100%, mas os impactos estão a fazer-se sentir mais esta semana, por ter aumentado a procura pelos voos, tendo em conta que se aproxima a altura das férias escolares e pelo facto de as condições meteorológicas se terem agravado.

“Ontem [quinta-feira], aconteceu com o voo da TAP que vinha de Lisboa. Tivemos a confirmação de passageiros que já estavam dentro do avião e tiveram de sair do avião. A TAP pediu-nos para estendermos a operação por mais algum tempo, o que foi negado devido ao processo de greve”, revelou Amílcar Martins.

O delegado sindical salientou que o impacto não é maior, porque as companhias aéreas “reajustaram” os seus horários, para que os voos não coincidissem com o período entre as 21:00 e as 7:00.

“Nós somos poucos, somos apenas cinco elementos e estamos unidos nesta causa, portanto temo-nos mantido sempre em greve”, frisou.

Ainda assim, disse que se têm registado “alguns atrasos, embora não muito significativos”, e alguns constrangimentos na divulgação da informação ao público.

“Ontem o envio do horário das companhias foi tardio e nós já não estávamos nas instalações. E hoje de manhã quando entrámos às 07:00 a informação disponível ao público não estava atualizada”, avançou.

Contactada pela Lusa, a diretora da Aerogare Civil das Lajes, Isménia Alves, admitiu que as companhias aéreas tiveram de reajustar os seus horários, mas declarou ter conhecimento apenas de alguns atrasos.

“A greve foi comunicada com alguma antecedência e nós comunicámos às operadoras e eles ajustaram os seus horários em função disso. Temos um voo às 07:00 que está a sair daqui com algum atraso devido à greve”, adiantou.

Questionada sobre o cancelamento de ligações ao final do dia, Isménia Alves disse não ter conhecimento, alegando que os cancelamentos registados na quinta-feira se deveram ao “mau tempo, tanto em Lisboa como na Terceira”.

Segundo Amílcar Martins, “a greve vai manter-se até ao final do ano”, até porque ainda não houve abertura do executivo açoriano para negociar.

“Infelizmente ainda não tivemos qualquer sinal da parte do Governo [Regional] para uma negociação, por isso vamos manter esta forma de luta, sem descurar novas formas de luta”, referiu.

Ao contrário do que acontece nos aeroportos de Ponta Delgada (São Miguel), Santa Maria, Horta (Faial) e Flores, nos Açores, geridos pela ANA - Aeroportos de Portugal, a Aerogare Civil das Lajes, na ilha Terceira, tem gestão pública.

A Lusa não conseguiu, até ao momento, contactar a Direção Regional da Organização e Administração Pública do executivo açoriano, responsável pela negociação.

Os cinco técnicos de operações aeroportuárias no quadro da Aerogare Civil das Lajes reivindicam uma revisão da carreira e o reforço do efetivo.

“Estamos neste momento cinco elementos no quadro, quando deviam estar nove, e já tivemos aqui situações de atestados médicos colocados, com pessoas que tiveram doenças mais prolongadas, em que o serviço ficou apenas assegurado por parte de três pessoas”, adiantou o delegado do Sintap, aquando do anúncio da greve.

A carreira dos técnicos de operações aeroportuárias foi classificada como subsistente, o que “impossibilita o recrutamento de mais pessoas”, mas com a certificação do aeroporto para uso permanente pela aviação civil, em julho de 2018, o trabalho aumentou e os funcionários, que têm todos mais de 50 anos, sentem “algum desgaste”.

“Nós vamos envelhecendo, as tarefas aumentaram, temos aqui um problema. É necessário, de facto, mais pessoas, mas como a carreira está classificada como subsistente não é possível fazer o recrutamento enquanto não criarem uma nova”, salientou o delegado sindical.


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