Autor: AO Online/ Lusa
Mário Centeno anunciou que na dívida pública "haverá um aumento de 16,7 pontos percentuais em percentagem do PIB, passando de 117,7% do PIB para 134,4% do PIB", durante a conferência de imprensa de apresentação do Orçamento suplementar, que decorre hoje no Ministério das Finanças, em Lisboa.
"Este aumento é em parte, mas apenas numa pequena parte, justificado pela deterioração do saldo primário, que tem um peso de 3,25 pontos percentuais nesta evolução de 16,7, que é maioritariamente justificado pela queda do PIB", detalhou Mário Centeno.
O ainda ministro, que abandonará o cargo na segunda-feira, afirmou também que a queda do PIB, estimada em 6,9% pelo Governo, corresponde a 7,5 pontos percentuais do aumento do rácio da dívida pública.
"O que isto significa é que revertida esta dinâmica negativa do PIB, espera-se que este valor se venha a reduzir nos próximos anos porque há uma inversão da queda do PIB, que se prevê, aliás, já para o ano, que se registe um crescimento", acrescentou.
Mais tarde, numa resposta a outra pergunta, Mário Centeno afirmou que o Governo atualizou os limites do endividamento em 10 mil milhões de euros, passando de 10 mil milhões previstos no orçamento anterior para 20 mil milhões no orçamento suplementar hoje apresentado.
"Contamos ao longo desse ano com fontes de financiamento que são mais alargadas do que aquilo que é habitual, porque no contexto europeu foram disponibilizadas formas de se financiar os países que na verdade funciona em alternativa aos mercados financeiros", explanou o ainda governante.
O ministro disse ainda que Portugal "tem tido nos últimos dias, em particular nas últimas três semanas, um comportamento, nos mercados financeiros, excecional".
"De novo, o esmagamento do diferenciais de taxas de juro face aos países do centro da Europa que são normalmente tomados como referência para o cálculo destes diferenciais, em particular a Alemanha e, as nossas taxas, ainda que permanecendo ligeiramente acima do que se registava no período anterior ao covid, têm neste momento valores bastante próximos", assinalou.
Mário Centeno atribuiu este resultado às "políticas europeias, do BCE [Banco Central Europeu], também das proteções que o Eurogrupo aprovou para o financiamento das economias, mas também seguramente da confiança que os mercados têm na recuperação da Europa, no futuro".
"Temos conseguido aumentar todas as nossas presenças no mercado com aumento das emissões face ao que era o plano original antes do covid, e temo-lo feito com aumentos da procura, e, portanto, o nosso financiamento tem decorrido de forma bastante tranquila", disse sobre as operações de financiamento nacionais.
O ministro referiu ainda que na próxima semana haverá uma amortização de Obrigações do Tesouro no valor de 7,9 mil milhões de euros, e disse que o Estado tem, "já, o dinheiro para fazer esse pagamento".
"Não há nenhuma questão quanto ao financiamento da República", concluiu.