Autor: Lusa/AO Online
Em declarações à agência Lusa minutos antes de se saber que os dois reclusos que se evadiram na segunda-feira do Estabelecimento Prisional de Alcoentre foram capturados, Hermínio Barradas considerou que “é uma irresponsabilidade dos Governos terem deixado chegar o sistema prisional a este ponto”.
“Os fenómenos vão continuar a ocorrer por força desta espiral descendente de recursos. É um caos autêntico. É uma irresponsabilidade os Governos terem deixado de chegar o sistema prisional a este ponto. E agora vão atrás do prejuízo e não conseguem porque a massa humana não vem para esta profissão. [As causas estão em] três eixos: o edificado obsoleto, a sobrelotação e a falta de recursos”, disse o presidente da ASCCGP.
Dois homens, de nacionalidade portuguesa, de 37 e 44 anos, fugiram pelas 18h20 de segunda-feira do Estabelecimento Prisional de Alcoentre, no concelho de Azambuja, distrito de Lisboa.
Fonte da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) disse à Lusa que os reclusos que fugiram pelas 18h20 de segunda-feira foram capturados.
O Jornal de Notícias escreve que a fuga aconteceu numa zona em que a torre de vigia estava desativada e que os reclusos terão trepado o muro e usado uma corda de lençóis.
De acordo com o matutino, estavam ao serviço 15 guardas em vez dos habituais 30.
Para o presidente da ASCCGP, “as falhas são sistémicas” e o que o que está em causa é “uma série de fatores holísticos que provocam e potenciam ainda mais cedo estes fenómenos”.
“As torres de vigia não estavam ativadas porque não é efetivo e não se consegue contrariar esta tendência de saída [da profissão] por inatratividade da profissão. Já se fala em algumas alterações, mas não posso estar a divulgar. Vão exigir muita coragem e vão gerar muitos anticorpos. Não há resolução possível sem mexer ao nível orgânico e estrutural. É impossível. E temos esta direção geral, que veio das direções das cadeias, que tem muitas limitações no que podem e certamente queriam fazer”, disse.
Hermínio Barradas apontou, ainda, que “há uma obsessão terrível por esta Direção-Geral na realização de diligências”, justificando que esta “tem estado a ser muito pressionada pela magistratura para fazer o serviço”.
“Ora, se o efetivo já não chega para as tarefas internas, estar a enviar os poucos recursos que existem para o exterior, no interior depois ainda fica mais reduzido. É uma inevitabilidade, vai acontecer uma desgraça qualquer se não houver vontade política, o tal pacto de regime que nós já falamos há coisa de um ano, para mexer nas cadeias a sério. Mexer a sério nas leis, na estrutura, na orgânica”, concluiu.
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