Açoriano Oriental
“Estou confiante de que os alunos terão interesse em experimentar”

Maria Tkachenko, portuguesa com ascendência ucraniana é responsável por implementar em São Miguel a modalidade como atividade escolar este ano letivo

“Estou confiante de que os alunos terão interesse em experimentar”

Autor: Mariana Lucas Furtado

Como descreves o teu percurso no mundo da dança, em específico nas danças de salão, e de que forma isso acompanhou a tua formação?

Desde muito cedo tive a oportunidade de explorar muitas atividades, desde a prática de instrumentos musicais como violino, clarinete, piano e guitarra, até desportos como ginástica artística e danças de salão.

A minha mãe, a quem devo um agradecimento enorme, sempre me incentivou a experimentar diferentes atividades, permitindo-me descobrir as minhas paixões e talentos. Contudo, ao iniciar a escola primária, precisei de escolher uma dessas modalidades, devido à carga horária escolar.

Foi nesse momento que algo especial aconteceu. Com o apoio da minha família e através de muita comunicação e reflexão, percebi que a dança me tocava de uma forma única, diferente de qualquer outro instrumento musical ou desporto.

Esta descoberta do meu “talento interior” fez-me escolher a dança e apaixonar-me profundamente por ela.

O que te fez apaixonar em específico por esta disciplina dentro da dança?

Com passar do tempo, comecei a olhar para as danças de salão de competição mais como um desporto do que como um meio para me divertir. Esta mudança surgiu de forma repentina, após o rompimento da minha primeira parceria. Eu queria voar alto e sozinha, sem depender de ninguém de forma que o mérito fosse, sobretudo, meu. Contudo, percebi que, infelizmente, nesta modalidade apenas com um par se pode voar da maneira que eu desejava.

Devido à falta de adesão dos rapazes à dança, motivada pelo mito de que não é um desporto masculino, ou sequer um desporto, fiquei sem parceiro durante muito tempo. O desânimo e outros problemas surgidos levaram-me a deixar a dança com grande pesar.

No entanto, sinto que o meu amor pela dança permanece vivo dentro de mim, ansioso por se manifestar ao mundo. Os meus treinadores, que me acompanharam ao longo desta jornada e aos quais serei eternamente grata, sempre reconheceram o meu potencial e disseram que, se bem direcionada, eu poderia ir longe.

 
Essa confiança e incentivo ajudaram-me a perceber que a dança não era apenas uma atividade desportiva, mas uma verdadeira paixão.

Que projeto pretendes aplicar no Colégio do Castanheiro neste próximo ano letivo?

Primeiro, gostaria de agradecer “de coração” à direção do Colégio do Castanheiro por me apoiar nesta iniciativa e por confiarem em mim para introduzir as danças desportivas em Ponta Delgada.

Este ano letivo pretendo implementar um projeto inovador no Colégio do Castanheiro, focado em introduzir as danças desportivas aos alunos. Neste projeto estou a ponderar abrir duas turmas: uma para alunos do primeiro ciclo e outra para os alunos do segundo ciclo, devido às diferentes idades e níveis de desenvolvimento.

O projeto será desenvolvido com uma aula por semana permitindo um equilíbrio entre a introdução da modalidade e o ritmo escolar dos alunos. Apesar de ser uma modalidade nova, estou confiante de que tanto os alunos quanto os pais terão interesse e curiosidade para, pelo menos, experimentarem uma aula.

Quais as perspetivas de evolução deste projeto e adesão das crianças?

A adesão das crianças, especialmente do primeiro ciclo, dependerá muito do envolvimento dos pais, mas acredito que, com o tempo, o projeto terá uma boa evolução.
Embora seja difícil prever como o projeto se desenvolverá, pretendo promover esta disciplina de forma gradual, começando pelo Colégio, com a ambição de futuramente poder abrir a minha própria escola de dança.  Gostava que isto se expandisse de forma a permitir que esta disciplina voe cada vez mais alto. 


Programa curricular pretende dinamizar vários estilos e técnicas

Nas aulas para crianças serão abordados os ritmos latinos (como o Cha-Cha, Samba, Rumba, Paso-Doble, Jive);  e clássicos (como a Valsa Vienense, Valsa Inglesa, Slow Fox, Quickstep e Tango) na vertente de Dança Desportiva (sem competição), focando-se no ensino para idades jovens.

Segundo o plano curricular proposto, “a dança de salão para crianças combina rigor, elegância, música e divertimento, tornando-se um excelente espetáculo para quem vê e um ótimo exercício físico para quem pratica”. Os alunos irão desenvolver técnica, postura, flexibilidade, noção rítmica e de coordenação e sociabilidade “num ambiente de equilíbrio entre a disciplina e o lúdico”. Para além das técnicas dos vários estilos, as crianças poderão aprender coreografias temáticas (em grupo, solo ou pares) para serem utilizadas em atuações ao longo do ano letivo.

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