Açoriano Oriental
Empresas têm de olhar muito bem quem contratam
Um ex-inspector da Scotland Yard, especialista em técnicas avançadas de detecção de fraude, disse à Lusa que a melhor forma de prevenir os “golpes” nas empresas é refinar a política de contratação de quadros.

Autor: Lusa/AOonline
“As empresas ainda precisam de fazer muita coisa para travar a fraude, a começar por reverem a forma como contratam os colaboradores. Afinal, a fraude só pode ser cometida por pessoas e não por máquinas”, sustentou Dave Churchill, em entrevista à agência Lusa.

    Os agentes económicos também devem ter em conta, alertou o especialista, que o crime organizado “usa mais cada vez informação privilegiada que lhe é fornecida de dentro das empresas eleitas como alvos”.

    Para Churchill, torna-se cada vez mais importante que as empresas criem os seus próprios mecanismos de controlo, a montante da eventual investigação de casos consumados, “para que o funcionário tenha a consciência de que quando faz algo errado, alguém o vai saber”.

    Citando estimativas da ACFE (Association of Certified Fraud Examiners) do Reino Unido, a que pertence, o especialista referiu que a fraude vale, em média, seis a sete por cento da facturação bruta das empresas.

    “Porém, como ela se faz se forma escondida, nunca se pode ter grandes certezas”, preveniu.

    Com mais de 15 anos de experiência em investigação e gestão de fraude, Dave Churchill foi responsável pelo desenvolvimento e implementação de uma abordagem estratégica para identificar ofensas fraudulentas no Reino Unido.

    Questionado sobre se a fraude afecta mais os aparelhos estatais ou o mundo dos negócios, o ex-inspector da Scotland Yard, referiu que a máquina pública é a mais suspeita aos olhos do cidadão, mas não necessariamente a mais dada ao fenómeno.

    “Como a fraude no sector público é mais publicitada, fica a sensação, ainda que eventualmente errónea, de que é esse o palco privilegiado deste tipo de crime económico”, defendeu o especialista.

    Referindo-se aos sonhos “platónicos” de acabar com a reciclagem de dinheiro sujo nos off-shores, o ex-inspector da Scotland Yard diz não ter ilusões.

    “É um fenómeno muito sofisticado, que envolve gente muito especializada”, salienta.

    Dave Churchill encontra-se hoje e sábado no Porto para falar sobre Técnicas para detectar a Fraude numa pós-graduação sobre o tema promovida pela Faculdade de Economia.
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