Açoriano Oriental
Costa Neves convicto de que há uma "revolta surda"
O líder do PSD/Açores, recentemente reeleito, manifestou-se convicto que vai ocorrer uma “revolta surda” na sociedade açoriana contra o “cerco” do Governo Regional socialista, que passa por colocar o “PS na oposição uns tempos” em 2008.
Costa Neves convicto de que há uma "revolta surda"

Autor: Lusa / AO online
“Vai haver uma revolta surda. A mesma revolta que se terá dado com o PSD em 1996, há-de se dar com o PS e a minha expectativa é que seja em 2008”, afirmou Carlos Costa Neves, em entrevista à agência Lusa.

O presidente dos social-democratas açorianos foi, recentemente, reeleito nas primeiras eleições directas regionais, com 67,2 por cento dos votos, contra os 31,5 por cento obtidos por Américo Natalino Viveiros.

Carlos Costa Neves defendeu que a falta de “oxigénio democrático” nos Açores se deve à diferença de meios entre a oposição e o executivo liderado por Carlos César, uma “omnipresença” que “mata tudo, inclusivamente, a iniciativa dos cidadãos e, por isso, há um clima de medo gerado”.

“A falta de oxigénio democrático na diferença de meios para actuar politicamente entre um governo e a oposição existe em todo o lado, mas, nos Açores, é uma relação de cem para um”, criticou.

Segundo disse, o Governo Regional utiliza os dinheiros públicos “mais para se manter no Poder do que para desenvolver os Açores”.

“Paga a toda a estrutura de chefia da Administração Pública Regional”, que tem hoje mais de 20 por cento da população activa dos Açores, e que conta com uma cúpula em que “95 por cento são comissários do PS”, o que corresponde a 500 pessoas, alegou Costa Neves.

“Quando o aperto for demasiado, quando o cerco for demasiado, as pessoas vão, por um acto de bom senso, reagir e dizer basta. Eu vou fazer tudo para que seja para o ano”, nas eleições regionais de 2008, afirmou.

Perante isso, a solução passa por colocar o “PS na oposição uns tempos”, defendeu Costa Neves, que se mostrou à Lusa apologista de ciclos políticos curtos.

“Também acho que o próprio PSD não devia estar muito tempo no Poder. No máximo dois mandatos, excepcionalmente, três”, disse.

Para colocar o “PS na oposição”, Carlos Costa Neves pretende contar com o apoio do líder nacional Luís Filipe Menezes, durante os meses que distam das eleições regionais, mas deixa um aviso.

“Nos Açores, mandam os que cá estão, o que quer dizer que isto é um processo autonómico e quem é candidato a presidente do Governo Regional sou eu”, disse Carlos Costa Neves.

Depois de garantir que “quer muito” uma “relação próxima e solidária” com o presidente nacional do PSD, o líder regional adiantou que este relacionamento terá de ser enquadrado no “contexto da autonomia político-administrativa dos Açores”.

“Se nós nos entendermos, tanto melhor para os Açores e para o Continente, mas ele faz o seu trabalho e eu faço o meu. Se for conjugado tanto melhor”, alegou.

Salientou, ainda, que “todas as indicações que tem dado de solidariedade e de empenho numa vitória nos Açores são bem vindas”.

Depois de se manifestar surpreendido com a dimensão da sua vitória nas primeiras “directas” regionais do partido, Costa Neves garantiu que se sente “confortável” na liderança do partido, apesar de ter perdido em São Miguel, a maior ilha do arquipélago.

Destacou que, em oito das nove ilhas, obteve 86 por cento dos votos dos militantes que foram às urnas, enquanto que, em São Miguel, atingiu os 45 por cento e ganhou em três concelhos.

Para o Congresso que se inicia a 30 de Novembro, promete uma renovação na Comissão Política Regional (CPR), para lhe acrescentar operacionalidade a pouco menos de um ano das eleições para o Parlamento açoriano.

“Temos de lhe acrescentar a operacionalidade, a um ano de eleições. Mais facilidade para reunir, pessoas preparadas para abordar os vários sectores, porque eu quero que a CPR funcione como Governo alternativo. Isto obriga a outro tipo de escolha”, admitiu o líder dos social-democratas do arquipélago.

Garantiu, também, que o PSD/Açores está no “tempo certo” para preparar as próximas regionais, alegando que “2008 tem de ser integralmente aproveitado para chegar à sociedade civil com as propostas” do partido.

Costa Neves adiantou, porém, que o “modelo de sociedade e de desenvolvimento alternativo, e uma nova metodologia de trabalho nos Açores, caracterizada pelo rigor e excelência, estão genericamente delineadas”.

Um modelo que pretende colocar em prática a partir de Outubro de 2008 e que passa por despartidarizar a cúpula da Administração Pública, extinguir as sociedades anónimas sem receitas próprias, aumentar as parcerias com autarquias locais e estabelecer relação com as entidades privadas, com base em protocolos.

Para isso, Costa Neves aposta num partido “humanista e personalista”, que acredite “nas potencialidades do cidadão individualmente considerado e em grupo”.
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