Autor: Lusa/AO Online
Apesar de não ter vencido, como indicavam algumas sondagens, o partido de extrema-direita (AfD) esteve lá perto, com quase 30% dos votos. Um resultado muito expressivo, sobretudo entre os mais jovens, depois do primeiro lugar nas eleições da Turíngia, e do segundo na Saxónia.
Stefan Aust, publisher do “Welt” e antigo editor-chefe da revista semanal do “Spiegel” atribui o bom resultado da extrema-direita ao “disparate acumulado da coligação 'semáforo'”, que junta no governo federal o SPD aos Verdes e Liberais.
O “Tageschau” admite que o SPD enfrenta agora um problema: ganhar as eleições legislativas do próximo ano na Alemanha, admitindo que parece ter resultado a estratégia de Dietmar Woidke, candidato e ministro-presidente do estado de Brandenburgo há 11 anos, apesar de em coligação com os Verdes e a União Democrata-Cristã (CDU).
“O SPD ganhou nesta região porque tinha um candidato principal muito popular que colocou todos os ovos no mesmo cesto: ‘Se perder para a AfD, vou-me embora’, declarou Woidke. Isso trouxe ao SPD votos de eleitores que, de outra forma, não teriam votado no SPD, mas que agora queriam fortalecer o partido contra a AfD”, analisa o jornal.
Resta saber se essa estratégia “arriscada” poderá ter sucesso numa votação geral. Para o jornal “Frankfurter Allgemeine” (FAZ) é importante perceber que candidato poderá dar ao SPD alguma chance de vencer as próximas eleições federais.
“O sucesso de Woidke é visível. O candidato é extremamente importante. Isto não se refere a Scholz, mas sim a um dos políticos mais populares, o social-democrata e Ministro da Defesa Boris Pistorius”, aponta o FAZ.
O jornal refere ainda a distância que se verificou entre Woidke e Scholz durante a campanha, para que Brandenburgo e o “semáforo” não se misturassem.
Ainda os resultados em Brandenburgo se contam e já os jornais publicam uma nova sondagem que indica que os três partidos que formam o governo liderado por Olaf Scholz (SPD) atingem valores historicamente baixos. O diário “Tagesspiegel” questiona-se sobre se a coligação ‘semáforo’ chegará até ao Natal.
Se por um lado as manchetes debatem se o SPD conseguirá unir-se ao partido populista de esquerda BSW, de Sahra Wagenknecht, em Brandeburgo, por outro, destacam mais um tropeção da coligação nacional, formada pelo SPD, os Verdes e os Liberais. Se, por um lado, o partido de Scholz ganhou votos no seu estado “bastião”, por outro, os seus companheiros de executivo voltaram a descer.
Depois das quedas registadas nas eleições da Turíngia e da Saxónia, os Verdes caíram para 4,1% em Brandeburgo, menos 6,7 pontos do que nas anteriores votações nesta região, e os Liberais (FDP) tiveram o pior resultado de sempre, não chegando a 1%. Lindner falou de um “resultado preocupante” para o seu partido.
“Poderá a coligação ‘Semáforo’ aguentar-se mais um ano após os seus reveses eleitorais no Leste?”, questiona o jornal “Welt”, apontando uma decisão do líder dos Liberais, Christian Lindner, já para o mês de novembro.
Matthias Nölke, do FDP de Kassel, citado pelo “Tagesspiegel”, afirmou que "a reunião do executivo federal do FDP é o momento certo para decidir sobre uma votação dos membros para abandonar a coligação semáforo".
Se não for possível encontrar um “denominador comum razoável nas próximas duas ou três semanas”, não fará sentido que os Liberais continuem a participar nesta coligação, defendeu o vice-presidente do partido, Wolfgang Kubicki, em declaração à “Welt tv”.
Sobre o resultado dos Verdes, o “Spiegel” escreve que foi um “duro golpe para o partido federal”, que foi “expulso do parlamento estadual” de Brandenburgo, e está a “enfrentar tempos difíceis”.