Autor: Tatiana Ourique / Açoriano Oriental
O humor está sempre presente nos projetos artísticos do vocalista, Patrício Vieira “Pessoalmente gosto de envolver o humor e a boa disposição em tudo o que crio. E acho até estranho querer dar seriedade demais a algumas coisas no dia a dia. Se pensarmos bem, essa seriedade não é necessária em muitos dos casos. É uma forma de parecer credível só para as aparências. Toda a gente gosta de estar bem disposta, então não vejo o porquê de criar situações onde é “proibido” haver boa disposição! A nossa alegria é o melhor que se pode oferecer a alguém. Há muita gente que pensa que para ser sério têm que ser mal-encarado e não ter humor. Tenho pena delas”, refere o músico e compositor da banda de rock terceirense.
O projeto de rock surgiu no Angra Sound Bay, promovido pela associação AJITER, “com o objetivo de fazer com que as pessoas se identifiquem veio a oportunidade e a motivação de criar o projeto”, acrescentou o artista que deu vida musical ao “John D´América” um personagem caricaturado de alguns emigrantes que regressam aos Açores com vontade de mostrar o sucesso no país que os acolheu.
A banda, composta por Rui César Pires, na Guitarra a Solo, Rúben Sousa no baixo, Diogo Dias na bateria e Patrício Vieira na guitarra e na voz aposta na criatividade e no humor para se comunicar com os fãs nas redes sociais. Recorde-se, por exemplo, aquando do lançamento do primeiro álbum, os músicos gravaram um vídeo em que dão a entender que torturam um homem para “gostar” do CD. Os vídeos de humor são a porta de entrada para que os fãs conheçam o trabalho musical.
A balada “Lapas Ao Luar” ou os temas mais enérgicos como “Wei pá” e “Vai brincá qua Pombinha para a Areia” abordam o linguajar terceirense e entram facilmente no ouvido de todas as idades, mas o “John d´América” foi o pontapé de saída perfeito para o sucesso. “Foi uma agradável surpresa ouvir os nossos temas na rádio. E foi muito bom sentir todo o apoio que muitas das rádios açorianas nos têm dado. Também ficámos espantados quando muita gente de outras ilhas nos pediu o CD. Mas é sem dúvida uma sensação incrível que nos motiva a trabalhar cada vez mais e a querer compor novos temas”.
A banda angrense começou o processo criativo em plena pandemia e Patrício acredita que foi causa/ efeito: “Não podemos negar que o mundo não estava pronto para UZOHMS. Começámos a tocar e o mundo não aguentou e parou”, diz entre risos. “O último ano foi vivido com algum medo no início.
Deixamos de ensaiar uns dois meses sem saber o que ia acontecer. Depois voltámos à carga e começámos a trabalhar em temas novos, um vídeo novo e na apresentação do CD. Além dos 12 temas que o compõe, já temos mais 8 prontos para gravar e apresentar ao público porque queremos lançar um novo álbum já em 2022. Temos investido em material, tanto para a banda como individualmente e temos amadurecido o nosso som. Não se pense que, por haver humor, não se trabalha a sério. Ensaiamos muito e é assim que gostamos de encarar este projeto. Com seriedade”, acrescenta.
O jovem terceirense acredita que a pausa na pandemia incentivou à criação artística: “Para alguma coisa tinha que ter sido bom este ano do diabo! Sem concertos houve tempo de sobra para criar coisas novas e ensaiar. Geralmente eu levo um riff e se o resto da malta gostar começamos a vesti-lo. Cada um faz a sua parte. Depois faço uma letra. Às vezes tenho a letra ou bocados dela e a música vem depois. Geralmente surgem ideias sobre possíveis temas e quando aparece um riff vemos qual o tema mais adequado. Em relação ao tempo que levo a fazer o esqueleto de uma música depende não sei bem de quê. Posso escrever 4 músicas numa semana, mas também posso ficar um mês sem escrever nada. Recentemente o Rui tem contribuído com algumas letras também”.
A banda açoriana já carimba a saída da região nas próximas semanas “Temos 3 concertos agendados em julho, no continente. Fornos de Algodres, Gouveia e Mangualde. Por enquanto é só. Ainda está tudo meio parado. Mas quando arrancar vamos a todo o vapor. UZOHMS gostam é de palco!”