Açoriano Oriental
UE apela ao fim da "espiral de violência" e oferece-se para promover diálogo

A presidente da Comissão Europeia defendeu que “o uso de armas deve dar espaço ao diálogo no Médio Oriente e argumentou que “a União Europeia tem muito para oferecer”, já que “a sua voz é ouvida na região”.

UE apela ao fim da "espiral de violência" e oferece-se para promover diálogo

Autor: Lusa/AO Online

À saída de uma reunião especial do colégio de comissários em Bruxelas para analisar os mais recentes desenvolvimentos da tensão entre Estados Unidos e Irão, que se tem materializado em incidentes violentos no Iraque, Ursula von der Leyen e o Alto Representante da UE para a Política Externa (e vice-presidente da Comissão), Josep Borrell, sublinharam, em declarações à imprensa sem direito a questões, a importância de tentar pôr cobro à escalada na violência, enfatizando o papel que a União Europeia pode desempenhar nesse sentido.

“A crise atual afeta profundamente não só a região, mas todos nós, e o uso de armas deve parar agora para dar espaço ao diálogo. Exortamos todas as partes para fazerem todos os possíveis para retomar as conversações. A UE à sua própria maneira tem muito para oferecer. Temos relações estabelecidas e comprovadas pelo tempo com muitos atores na região para ajudar a travar a escalada (…) A UE está muito empenhada nesta área, pelo que a sua voz é ouvida”, declarou Von der Leyen.

O chefe da diplomacia europeia, por seu lado, sublinhou que “os recentes desenvolvimentos são extremamente preocupantes” e apontou que “os últimos ataques [da passada madrugada] contra bases no Iraque usados pelos Estados Unidos e por forças da coligação [contra o autodenominado Estado Islâmico], entre as quais forças europeias, é mais um exemplo da escalada e confrontação crescente.”

“Não é do interesse de ninguém levar esta espiral de violência ainda mais longe”, frisou.

Na sua intervenção, Ursula von der Leyen destacou também a importância de prosseguir os esforços para salvaguardar o acordo nuclear com o Irão, no qual a UE investiu muitos esforços ao longo dos últimos anos.

“No médio prazo, enquanto coordenador do Plano de Ação Conjunto Global, Josep Borrell não poupará esforços para tentar, junto de todos os participantes, salvaguardar o acordo nuclear com o Irão”, disse a presidente da Comissão.

Von der Leyen acrescentou que “o colégio também analisou potenciais consequências da crise atual na UE”, em áreas como “o transporte, a energia, a vizinhança e as migrações, mas também o desenvolvimento económico, a estabilização e a reconstrução que a UE está a operar nesta área”.

Expressando a sua preocupação com a situação atual, Josep Borrell disse que “uma coisa é clara: a situação atual coloca em risco os esforços dos últimos anos [a nível do acordo nuclear] e também tem implicações para o importante trabalho da coligação contra o Estado Islâmico”.

Segundo Borrell, o Plano de Ação Conjunto Global (acordo nuclear com o Irão) “é hoje mais importante do que nunca”, pois, além de ser “uma das mais importantes ferramentas da não proliferação” de armas, é “o único local onde é possível conversar com russos e chineses numa base multilateral sobre os riscos” na região.

“Como passo a seguir imediato, convoquei uma reunião extraordinária para esta sexta-feira com os ainda 28 Estados-membros e discutiremos o que a UE pode fazer no curto, médio e longo prazo para ajudar a estabilizar a região”, lembrou.

Tanto Von der Leyen como Josep Borrell iniciaram as suas intervenções expressando condolências às famílias das pelo menos 170 vítimas mortais da queda de um avião ucraniano, hoje, em Teerão.

Pelo menos 170 pessoas, entre passageiros e tripulantes, seguiam a bordo do Boeing 737, que se despenhou pouco depois de descolar do aeroporto internacional Imam Khomeini, em Teerão.

O Boeing 737 despenhou-se horas depois do lançamento de 22 mísseis iranianos contra duas bases da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, em Ain Assad e Arbil, no Iraque, numa operação de vingança pela morte do general iraniano Qassem Soleimani.

Os ataques contra as bases foram assumidos pelos Guardas da Revolução iranianos como uma “operação de vingança” da morte de Soleimani, comandante da força de elite Al-Quds, que morreu na sexta-feira num ataque aéreo em Bagdad, capital do Iraque, ordenado pelo Presidente dos EUA, Donald Trump.

O Departamento de Defesa norte-americano confirmou que "mais de uma dúzia de mísseis" iranianos foram disparados contra as duas bases, mas não indicou se resultaram vítimas dos ataques.

Na sua conta no Twitter, numa primeira reação, Trump disse que “está tudo bem”, sublinhando que estava em curso a avaliação de vítimas e danos, e prometeu pronunciar-se hoje sobre a situação.

O Irão ameaçou ainda atacar “no interior dos EUA", “Israel” e “aliados dos EUA”, segundo os Guardas da Revolução, na eventualidade de haver uma retaliação norte-americana.


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