Autor: Lusa/AO Online
“O balanço é positivo. Está a correr muito bem em termos estruturais e organizacionais”, disse à agência Lusa Mafalda Tomaz, da empresa Amado Elias Tomaz, Farmácia Unipessoal, Lda., que ganhou o concurso para a concessão do estabelecimento por cinco anos.
A responsável assume, contudo, que a questão financeira a decepcionou, explicando que “o valor proposto a concurso é superior ao retorno financeiro”.
O contrato entre o hospital de Leiria e o concessionário prevê uma renda anual fixa de 100 mil euros e uma renda variável correspondente a 30,25 por cento do volume de vendas.
“O estudo financeiro que nos levou a concorrer com estes valores ficou completamente aquém da realidade”, admite Mafalda Tomaz, explicando que não se concretizaram alguns dos pressupostos.
“Estávamos a contar com a venda de medicamentos pela denominação comum internacional, isto é, por princípio activo e não por marca comercial, que é o que se faz em toda a Europa”, exemplifica.
Por outro lado, a proprietária do estabelecimento aberto a 01 de Setembro de 2008 anotou que também não se concretizou a venda de anti-retrovirais nas farmácias hospitalares, sendo que a venda de medicamentos por unidose contempla, nesta primeira fase, apenas as farmácias de Lisboa e Vale do Tejo.
“Estas situações estavam contempladas no Compromisso com a Saúde, assinado entre a Associação Nacional de Farmácias e este Governo”, observa.
Mafalda Tomaz frisa que hoje tornaria a concorrer à concessão, embora com “mais garantias dos pressupostos”, acrescentando que, “apesar das dificuldades", vai "cumprir o contrato de concessão”.
“Estamos a trabalhar com o hospital para levar o projecto a bom porto, cujo contrato de concessão termina daqui a quatro anos e gostaríamos de renovar”, adianta.
Quanto ao perfil do cliente que procura a farmácia, situada num espaço contíguo às consultas externas, a responsável diz que é, sobretudo, o utente que se desloca ao serviço de urgências.
“O utente da consulta externa nem por isso”, refere, acrescentando que, apesar de ser a única farmácia aberta 24 horas por dia no concelho, a comunidade também não a procura.
Mafalda Tomaz atribui esta situação às “dificuldades de estacionamento” no hospital, mas também à falta de informação, derivada da não inclusão da farmácia nas escalas de serviço”, situação que atribui a “pressões” da Associação Nacional de Farmácias, entidade responsável pela elaboração dos mapas.
Sustentando que este não é apenas um problema da farmácia que dirige, Mafalda Tomaz considera que a divulgação deste serviço se consegue através de “boas práticas”.
“O sentimento que tenho é que a população está muito satisfeita com a acessibilidade e serviço destas farmácias”, assegura.
A primeira farmácia hospitalar tem onze funcionários e integra a Sociedade Central Farmacêutica e Hospitalar, SA.
Esta empresa foi criada por quatro concessionários - Leiria, Faro, Penafiel e Covões - para juntar esforços para a gestão das farmácias hospitalares de venda ao público.