Açoriano Oriental
Índices usados na pediatria em Portugal são "desadequados"
As curvas de crescimento infantil usadas em Portugal precisam de ser revistas e são consideradas inadequadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), um assunto que vai estar em análise no Congresso de Pediatria que decorre na próxima semana.
Índices usados na pediatria em Portugal são "desadequados"

Autor: Lusa/AO On line
Em entrevista à agência Lusa, o vice presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) António Guerra explica que a OMS publicou em 2006 novas curvas de crescimento (dos 0 aos 5 anos) baseadas num estudo detalhado em diferentes continentes e que inclui amostras “altamente selectivas de crianças”.

“Trata-se de amostras que incluem indivíduos vivendo em ambiente social, alimentar e de cuidados de saúde favorável a um saudável crescimento e desenvolvimento de acordo com o seu potencial genético”, acrescenta o médico.

Estas novas curvas indicam como desejavelmente as crianças devem crescer, ao contrário das actualmente usadas em Portugal.

As curvas da OMS incluem, para além do peso e do comprimento/estatura, o índice de massa corporal (uma relação entre peso e estatura que é variável com a idade) logo a partir do nascimento.

“O que importa é que a criança cresça proporcionalmente relativamente ao peso e estatura, sendo sempre desejável que, quando um dos parâmetros tem ascendente sobre o outro, seja a estatura a situar-se num percentil superior ao peso”, refere o pediatra.

A inadequação das curvas de crescimento usadas em Portugal podem conduzir a interpretações incorrectas do perfil de crescimento da criança, levando por exemplo, a que algumas crianças já obesas pelos parâmetros da OMS não seriam caracterizadas como tal pelas curvas anualmente usadas.

Sublinhe-se que as curvas da OMS foram construídas com base em lactentes alimentados exclusivamente com leite materno nos primeiros quatro a seis meses de vida.

António Guerra lembra que as crianças alimentadas com leite natural aumentam menos de peso a partir sensivelmente do quarto mês o que, à luz das curvas de crescimento actuais, pode induzir os médicos a introduzirem desnecessariamente leite artificial ou a diversificação alimentar precoce.

Para o pediatra, um “dos mais frequentes e preocupantes erros alimentares nos primeiros anos de vida é o regime alimentar hiperproteico” que conduz a um aumento do risco de obesidade.

O Congresso Nacional de Pediatria, que decorre de 6 a 8 de outubro no Funchal, irá debater a aplicação das novas curvas de crescimento e contará com a participação da coordenadora do departamento de Nutrição da OMS, Mercedes de Onis.
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