Açoriano Oriental
Festas do Santo Cristo voltam a realizar-se sem fiéis

Em condições normais, entre os dias 7 e 10 de maio, de sexta a segunda-feira, o Campo de São Francisco, em Ponta Delgada, seria o centro das Festas do Santo Cristo, com milhares de pessoas a darem vida às maiores festas religiosas dos Açores.

Festas do Santo Cristo voltam a realizar-se sem fiéis

Autor: Rui Jorge Cabral

Mas pelo segundo ano consecutivo e ainda devido à pandemia de Covid-19, as festas voltam a não realizar-se, com o Santo Cristo a ser celebrado sem fiéis. Certa é a não realização da procissão no domingo e da mudança da imagem, no sábado, bem como a não realização de qualquer programa profano à volta das festas, tal como no ano passado. E certa deverá também ser a realização da missa do domingo do Santo Cristo novamente num Santuário fechado ao público, com transmissão televisiva.

O Santuário ainda equacionou pelo menos a realização da tradicional Missa Campal, no domingo do Santo Cristo, uma vez que as missas não estão proibidas pela Autoridade de Saúde Regional, mas a necessidade de controlar o número de pessoas na missa deverá levar, certamente, o Santuário a não arriscar na realização dessa missa com fiéis. Isto porque, caso se estabelecesse um limite, por exemplo, de 300 pessoas e aparecessem mais mil, como se iria controlar essa multidão?

A mesma questão se colocou relativamente à possibilidade de realizar a missa com inscrição prévia para participação, o que colocava em desvantagem as pessoas mais idosas, mais infoexcluídas e com maiores dificuldades em deslocarem-se ao Santuário para se inscreverem previamente.

As condições finais para a celebração do Santo Cristo este ano só deverão, no entanto, estar estabelecidas na próxima semana, conforme o evoluir da pandemia em São Miguel. É que, por exemplo, no ano passado, milhares de pessoas passaram ordeiramente pelo Campo de São Francisco durante o sábado, o domingo e a segunda-feira, para rezarem junto à porta principal do Santuário. No sábado, várias pessoas cumpriram ordeiramente as suas promessas, de joelhos, à volta do Campo de São Francisco, sem aglomerados. No entanto, este ano, se continuar o recolher obrigatório em São Miguel às 15 horas, durante o fim de semana, esta situação pode alterar-se e pode ter de levar à implementação de medidas de segurança à volta do Campo, para evitar a concentração de pessoas.

São estas dúvidas que ainda levam o Santuário a esperar mais uma semana para, em articulação com a Autoridade de Saúde Regional, tomar uma decisão final quanto ao formato das festas e a necessidade ou não de implementação de medidas especiais de segurança.

Ontem, num comunicado tornado público através do Sítio Igreja Açores, o Reitor do Santuário do Santo Cristo, o cónego Adriano Borges, afirmou que “pelo segundo ano consecutivo, o Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres e a Mesa da Irmandade informam que a ‘Festa do Senhor’, prevista para o fim de semana de 8 e 9 de maio, ainda terá de ser vivida de forma marcadamente espiritual, à distância, sem a possibilidade de nos encontrarmos todos presencialmente, e de novo, no ‘Campo do Senhor’”.
No comunicado, o Reitor do Santuário lembra que “estamos a aproximar-nos da data das festas e, por isso, todos percebemos que face ao atual contexto será muito difícil celebrarmos a nossa festa, a festa de todos os açorianos, nos moldes habituais”. E, por isso, apela aos fiéis para que continuem a ser “fortes e resilientes”, mas também “cumpridores e respeitadores, porque a isso nos convoca a nossa fé”.

No comunicado do Santuário sobre as Festas do Santo Cristo, é ainda afirmado que “a situação pandémica trouxe perdas e sofrimento, em alguns casos, irreversíveis. Sentimo-nos mais próximos do Senhor, fazendo a dura experiência da cruz, no que ela tem de sofrimento. Mas também sabemos que é a cruz que nos salva e, por isso, nela encontramos o sinal da esperança”.

O cónego Adriano Borges refere também que todos “desejaríamos que fosse já amanhã” o fim pandemia, mas isso é algo que, neste momento, “ninguém sabe ao certo”. Por isso, conclui, “a nossa fé desafia-nos a sermos parte da solução e nunca do problema. Como Reitor deste Santuário apelo a que cada um de nós respeite as indicações da Autoridade de Saúde protegendo-se a si e aos seus e, assim, respeitando todos os outros”.

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