Açoriano Oriental
Direção da RTP/Açores garante cumprimento de serviço público

O serviço público na RTP Açores “não está, nem esteve em causa”, apesar das “dificuldades, sobretudo ao nível de recursos humanos”, assegurou a diretora do Centro Regional da televisão pública, numa audição em Comissão na Assembleia da República.

Direção da RTP/Açores garante cumprimento de serviço público

Autor: Lusa/AO Online

“Ultrapassámos a questão das infraestruturas, de renovação de equipamentos. O nosso problema maior está ligado aos recursos humanos. O governo da República não permite que façamos contratações com a facilidade de que necessitamos. Temos também a questão dos correspondentes [em seis das nove ilhas do arquipélago]. Mas o serviço público não está nem esteve em causa. Isso é um não problema”, garantiu Lorina Amaral.

A diretora do Centro Regional dos Açores da RTP falava na comissão parlamentar de Cultura e Comunicação do parlamento, na sequência de um requerimento apresentado pelo grupo parlamentar do PSD sobre o modelo de funcionamento daquela estrutura da televisão pública.

Tanto a diretora como o subdiretor para conteúdos notaram que foi no Centro Regional dos Açores que se verificou “um dos maiores crescimentos do grupo RTP”, nomeadamente desde que começou a pandemia de Covid-19, em março de 2020.

A responsável indicou que o Centro Regional tem, “presentemente, 123 trabalhadores”, estando requisitados três, afetos ao centro de Ponta Delgada (ilha de São Miguel).

“São 120 trabalhadores no ativo, sendo 11 no Faial, 20 na Terceira e 89 em São Miguel. Temos, depois, os correspondentes nas ilhas onde não há delegação [Pico, Flores, Corvo, São Jorge, Santa Maria, Graciosa]”, afirmou.

Rui Goulart, subdiretor do Centro Regional dos Açores da RTP para conteúdos, que também participou na audição por videoconferência, esclareceu que, relativamente à ilha de São Jorge, ainda não foi possível encontrar um correspondente, esperando ter “a situação resolvida em janeiro”.

Goulart admitiu que, “para cumprir o serviço público”, as verbas destinadas aos colaboradores “saem da grelha de programas”, algo que não corresponderá “ao ideal”, mas que tem permitido assegurar o serviço previsto na lei.

Lorina Amaral defendeu que o orçamento de grelha do Centro Regional “devia ser diferenciado, tendo em conta as especificidades” dos Açores, nomeadamente os “custos de deslocação e estada de pessoas, mas também de transporte de equipamentos”.

“Além de termos de deslocar pessoas, temos de deslocar os equipamentos que não conseguimos ter replicados”, observou.

O deputado do PSD Paulo Moniz manifestou-se “dececionado com o conformismo da direção da RTP Açores”.

“Como é que a RTP Açores não entende que, pelo menos, a sua quota parte da publicidade da RTP deve ser uma reivindicação sua”, questionou o social-democrata.

O deputado observou ainda ser difícil cativar correspondentes de ilha para serem ‘one-man-show’ [homem de sete instrumentos, em tradução livre], pagando “60 euros por peça”.

Goulart esclareceu que os colaboradores correspondentes em seis das ilhas dos Açores têm de “captar, editar imagem e fazer textos”, para o formato televisivo e o formato áudio, mas recebem mais 20 euros por este contributo adicional.

A diretora, Lorina Amaral, vincou não estar em causa “conformismo, mas procura de estabilidade”, recusando que “com demasiada agitação ou a falar mais alto” se resolvam os problemas.

Isabel Rodrigues, deputada do PS, considerou não ser possível “ter-se a pretensão de ter um canal de televisão regional exclusivamente financiado” por verbas da receita audiovisual e de publicidade.

A socialista observou ainda não ser possível “ter uma produção de qualidade nas nove ilhas sem ter correspondentes, de preferência com um estatuto diferente” do atual.

A deputada do BE Beatriz Gomes Dias questionou o impacto da redução no orçamento da RTP no financiamento da RTP Açores, alertando para os problemas de “trabalhadores com vínculos precários a desempenhar tarefas permanentes”.

Alma Rivera, do PCP, considerou estar em causa “um problema do país, de valorização de carreiras e profissões”, devido a “um quadro de contratação que não consegue atrair profissionais”.


PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados