Açoriano Oriental
China bloqueia acesso ao iTunes
Um álbum de músicas de intervenção, compilado por um grupo activista pro-Tibete com sede nos Estados Unidos e descarregado por atletas olímpicos, levou as autoridades chinesas a barrar o acesso à loja de música da Apple na China.

Autor: Lusa / AO Online
    Segundo a organização Campanha Internacional pelo Tibete (ICT, International Campaign for Tibet), o iTunes foi bloqueado depois de mais de 40 atletas olímpicos terem descarregado do site da Apple um álbum de músicas pro-Tibete.

    A ICT afirmou que 46 atletas, norte-americanos, da Europa e até de Pequim, utilizaram a página de Internet para descarregar as músicas pro-Tibete, às quais tinham acesso gratuito.

    Os consumidores chineses começaram a inundar os fóruns de ajuda da Apple esta semana, dizendo que não conseguiam aceder ao iTunes.

    O álbum, Songs for Tibete, produzido pela Fundação Arte pela Paz (Art of Peace Foundation) e promovido pelo ICT, possui 20 canções de artistas célebres como Sting, Moby, Damien Rice e Alanis Morissette.

    As músicas foram colocadas no iTunes a 05 de Agosto, três dias antes da cerimónia de abertura dos Jogos de Pequim.

    “Não sabemos porque é que o governo chinês bloqueou o iTunes, mas parece que a explicação mais lógica é que tenha sido por causa de nós”, afirmou à imprensa Michael Wohl, director da Art of Peace Foundation.

    “Um lado do meu cérebro diz-me que deve ter sido por isso. O outro lado está incrédulo, a pensar que a nossa acção simples e não-violenta possa ter provocado isto”, explicou.

    Kate Saunders, porta-voz da ICT, reconheceu que a reacção hostil chinesa era previsível depois dos tumultos violentos no Tibete em Março e do percurso internacional da tocha olímpica marcado por protestos pro-Tibete.

    “O álbum foi divulgado numa altura politicamente sensível”, afirmou Saunders.

    “Nós espalhámos a palavra entre os atletas de que estávamos a oferecer-lhes o álbum gratuitamente”, acrescentou.

    “Certamente que pretendíamos que as descargas fossem uma forma simples de protesto bem como um acto de solidariedade para com o povo tibetano”, admitiu.

    Os atletas foram encorajados a tocar as músicas nos seus iPods durante a sua estadia em Pequim, naquilo que a ICT considerou como “um simples mas poderoso símbolo de liberdade pessoal”.

    Saunders disse que a resposta dos desportistas foi muito positiva.

    A China.org.cn, uma página de Internet que é administrada pelo Gabinete chinês de Informação, noticiou que os internautas chineses estavam indignados com o álbum e estavam a “organizar-se para denunciar a Apple” e proibir os cantores e produtores de entrar no país.

    Segundo o artigo, alguns chineses estariam prestes a boicotar todos os produtos da Apple, um golpe que poderia prejudicar a empresa, que abriu a sua primeira loja na China há um mês e que está em negociações para introduzir o iPhone no país.

    O desaparecimento do iTunes devido à acção da chamada “Great Firewall” da China, que censura várias páginas de Internet, acontece em plenos Jogos Olímpicos, período para o qual o governo chinês prometeu livre acesso à internet para os jornalistas.

    O bloqueio a algumas páginas de Internet foi levantado, mas muitas outras ainda se encontram inacessíveis.

    Especialistas informáticos confirmam que a loja de música foi bloqueada e que não se trata de uma mera falha técnica.

    Segundo Wohl, da Art of Peace Foundation, a censura pode ter um efeito não desejado porque desde que o iTunes foi bloqueado, muitas pessoas em Pequim, incluindo os atletas, têm perguntado como obter o álbum.
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