Açoriano Oriental
Associação Agrícola da Ilha Terceira diz que aumento do preço do leite é "bem-vindo"

O presidente da Associação Agrícola da Ilha Terceira (AAIT) considerou positivo, mas insuficiente, o aumento de cerca de três cêntimos no preço do litro de leite pago ao produtor pela principal indústria da ilha.

Associação Agrícola da Ilha Terceira diz que aumento do preço do leite é "bem-vindo"

Autor: Lusa/AO Online

“O aumento é bem-vindo. Não colmata todos os aumentos que houve em termos de rações e de combustíveis, que é transversal a todos os consumíveis das explorações agrícolas. Como nós indicámos há algum tempo, o aumento tinha de ser entre cinco e seis cêntimos, mas percebemos que é bem-vindo”, afirmou, em declarações à Lusa, o presidente da AAIT, José António Azevedo.

Em novembro, os lavradores da ilha Terceira saíram à rua, numa marcha lenta com cerca de uma centena e meia de carrinhas e tratores agrícolas, em protesto pelos preços pagos aos produtores do leite e da carne.

Na sua página da internet, a cooperativa agrícola Unicol, que tem sócios nas ilhas Terceira e Graciosa, revela que, “a partir do dia 01 de janeiro”, as tabelas do preço do leite pago ao produtor “sofrerão um aumento de três cêntimos por litro, entre acréscimos no preço base e na valorização dos sólidos”.

“Atenta a conjuntura particularmente difícil que o setor dos laticínios está a atravessar, com fortíssimos aumentos dos custos de produção, quer para a lavoura, quer para a indústria, que terão forçosamente de ter repercussão nos preços de venda dos produtos acabados, os conselhos de administração da Pronicol, Produtos Lácteos S.A., e da Unicol, cooperativa agrícola, num esforço de incremento da sustentabilidade de toda a fileira, deliberaram proceder a uma atualização dos preços a pagar ao produtor”, lê-se na publicação.

O mais recente aumento do preço do leite na Unicol tinha ocorrido em outubro e tinha ficado abaixo de um cêntimo por litro de leite (0,63).

Para José António Azevedo, a medida “peca por tardia”, porque desde março que o preço das rações e de outros consumíveis das explorações agrícolas tem vindo a aumentar, mas é um sinal de que a indústria percebeu que “não havia forma de continuar a produzir com os preços que eram praticados”.

“É de louvar e é um sinal positivo, apenas peca um bocadinho por tardio, mas até é um sinal significativo de que se aperceberam das dificuldades que os produtores estavam a passar”, afirmou.

O presidente da AAIT ressalvou, no entanto, que o acordo com o Governo Regional para implementar um apoio à redução da produção tem de “continuar de pé”, porque o aumento anunciado não colmata a inflação nos consumíveis.

“O leite tinha de subir entre cinco a seis cêntimos, para colmatar todos os aumentos nos fatores de produção e nos consumíveis das explorações. Três cêntimos é positivo, mas [tem] que haver mais algum acerto ou os produtores terão de fazer contas à vida e ponderar se é preferível reduzir alguma percentagem de produção”, acrescentou.

José António Azevedo disse que só quando for publicada a nova tabela os produtores poderão “perceber bem a dimensão do aumento”, porque os três cêntimos anunciados vão refletir-se no preço base e nos sólidos, mas o preço médio deverá aproximar-se dos 30 cêntimos por litro de leite.

O dirigente agrícola lamentou, no entanto, que tenha aumentado o “fosso” entre o valor pago na Terceira e na Graciosa pela Pronicol e no continente pela Lactogal, que detém 51% da fábrica terceirense.

“Mais uma vez os aumentos não foram equitativos na região e no continente”, frisou, alegando que a diferença de preços ronda os seis cêntimos.

“Não consigo encontrar explicação que justifique esse aumento do diferencial”, acrescentou.


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