Autor: Ana Carvalho Melo
O príncipe Alberto II do Mónaco afirmou ontem partilhar a preocupação do seu trisavô, Alberto I, com a proteção dos habitas marinhos, revelando estar atento à ação dos Açores na preservação do oceano.
“Sabem da minha paixão e da minha luta pela preservação dos oceanos, que são imprescindíveis para proteger a humanidade nestes tempos de alterações climáticas e de erosão da biodiversidade. Pessoalmente estou em sintonia com o meu trisavô, que foi pioneiro na matéria”, afirmou Alberto II, após um encontro com o presidente do Governo Regional dos Açores, no Palácio de Santana.
O monarca que esteve na Região a convite do presidente do Governo Regional para assinalar o centenário do desaparecimento de Alberto I do Mónaco, destacou ainda o trabalho que a Região tem vindo a fazer na conservação do oceano.
“Presto particular atenção às iniciativas que o seu Governo toma para preservar os ecossistemas no quadro das diretivas de ordenamento do espaço marítimo relativamente às Regiões Ultraperiféricas da União Europeia. E estou a pensar especificamente nos cetáceos e nas aves marinhas, uma vez que os Açores estão na rota migratória de várias espécies”, afirmou.
Em seguida dirigindo ao presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, acrescentou: “aproveito para lhe dar os parabéns pela sua ambição de preservar um território imenso como é o mar dos Açores, contando com o apoio da Fundação Oceano Azul, assim como da minha própria Fundação”.
Já o presidente do Governo Regional aproveitou esta ocasião para convidar o monarca monegasco para estar presente na inauguração da gare marítima do Corvo, o qual homenageará Alberto I.
Ainda na ocasião Bolieiro, lembrou que “foi a força inspiradora da vida do Príncipe Alberto I do Mónaco que moldou duas das mais relevantes opções do Governo a que presido”.
“Assumindo as suas responsabilidades perante o Povo dos Açores, mas querendo dar, igualmente, um contributo global para a melhor adaptação da nossa vida a um quadro de alterações climáticas que já hoje nos afetam, estamos a concretizar em parceria com o Instituto do Mar e da Atmosfera um conjunto de investimentos em radares meteorológicos que nos possibilitarão melhor conhecimento e mais capacidade de previsão”,afirmou.
O chefe do executivo destacou ainda que “a ciência ligada ao oceano permite aos Açores ter dimensão mundial e coloca-nos no centro da ação”.
Nesse sentido, realçou que a Região é o parceiro liderante do Projeto Blue Azores, que, “contando com a cooperação da Fundação Oceano Azul e do Instituto Ted Waitt bem como com a imprescindível participação da Universidade dos Açores e dos seus investigadores, visa proteger o mar dos Açores, através da concretização dos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas”.
A
visita de Alberto II a Ponta Delgada começou ao início da tarde de
ontem com uma sessão de receção organizada pela Câmara Municipal de
Ponta Delgada.
Na ocasião, o príncipe Alberto II do Mónaco destacou o carinho que o seu trisavô, “um príncipe humanista e erudito”, tinha pelos Açores, recordando os testemunhos sobre o arquipélago que perduram no livro “La Carriere d’Un Navigateur”.
“Os Açores estarão naturalmente em grande destaque [nas comemorações do centenário da sua morte] de tanto que o meu trisavô amou o vosso arquipélago. Algumas páginas muito bonitas do seu relato de viagem intitulado “La Carriere D’Un Navigateur” dão o testemunho disso mesmo”, afirmou.
Para Alberto II, esta visita aos Açores que se insere numa viagem de quatro dias a Portugal e Espanha, e ocorre após a passagem do monarca por Paris, a Alemanha e a Noruega, assim como de vários eventos ocorridos no Mónaco, “é o culminar de um ano de comemorações que se pretendia internacional graças à chancela da Unesco”.
“A esta escala açoriana seguir-se-á
amanhã a inauguração com Sua Excelência o Presidente da República de uma
exposição no Museu da Marinha de Lisboa dedicada a quase meio século de
amizade entre o Príncipe Alberto I e Portugal”, referiu.
Na sua
intervenção, que decorreu nas Portas da Cidade após a deposição de uma
coroa de flores junto ao busto do Príncipe Alberto I, na Avenida João
Bosco Mota Amaral, Alberto II lembrou ainda o seu trisavô como um
“príncipe humanista e erudito”, citando as palavras do mesmo em 1904
aquando da inauguração da avenida Príncipe do Mónaco.
“Mediante um ato cheio de delicadeza os habitantes da ilha de São Miguel desejam reconhecer a amizade que tenho por eles há 25 anos. Esse pensamento toca-me profundamente e deixará no meu coração um novo sentimento em relação a neles. Fico muito orgulhoso que o meu nome fique colocado nas paredes da capital desta ilha que tantas vezes produz homens notáveis e essa recordação permanecerá entre as memórias de navegador que mais afeiçoo”, citou.
O monarca monegasco lembrou ainda que também no Mónaco existe uma rua dedicada aos Açores, na qual este verão o arquipélago foi dado a conhecer aos visitantes através de uma exposição de pinturas.
Ainda na ocasião, o príncipe Alberto II foi presenteado pelo presidente da Câmara Municipal, Pedro Nascimento Cabral com uma coroa do Espírito Santo.
“É uma relação histórica, que hoje evocamos, nascida no século XIX, que se perpetuou no século XX, e que se mantém viva no século XXI, não apenas por factos e por marcos alcançados no passado, mas, sobretudo, pela afinidade de posições com que esta Região se revê na causa de Sua Alteza Sereníssima pela proteção dos Oceanos e do Ambiente, a favor da mitigação das alterações climáticas, questão que, globalmente, a todos diz respeito”, afirmou Pedro Nascimento Cabral dirigindo-se ao monarca na receção na Praça Gonçalo Velho.
Após este momento solene, Alberto II do Mónaco percorreu na Matriz a feira da “ExpoLab - Centro Ciência Viva” onde muitas crianças e curiosos o esperavam, assim como a exposição de fotografia “A Inauguração da Avenida Príncipe do Mónaco - 2 de setembro de 1904” de Francisco Afonso Chaves.
Em seguida Alberto II do Mónaco visitou o Núcleo de Santa
Bárbara do Museu Carlos Machado onde pôde ficar a conhecer a exposição
“Albert I - Príncipe do Atlântico | O príncipe Albert I de Mónaco e os
Açores”, organizada no âmbito do vasto conjunto de iniciativas
internacionais que visa assinalar o centenário da morte de Alberto I.
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