Açoriano Oriental
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Rutte tem de fazer Aliança sobreviver a Trump e assegurar financiamento

Mark Rutte será a partir de terça-feira secretário-geral da Aliança Atlântica e tem de assegurar que o financiamento da organização político-militar não cai e sobrevive a um possível regresso de Donald Trump à Casa Branca.

Rutte tem de fazer Aliança sobreviver a Trump e assegurar financiamento

Autor: Lusa/AO Online

Dez anos depois de chegar ao cargo, o antigo primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, vai deixar de encabeçar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e será sucedido pelo o ex-primeiro-ministro dos Países Baixos.

Rutte, de 57 anos, era o único candidato na parte final do processo de decisão, depois da desistência do Presidente da Roménia, Klaus Iohannis, e foi anunciado no dia 26 de junho.

Na sua despedida, Jens Stoltenberg deixou clara uma das prioridades da Aliança Atlântica e a principal tarefa do seu sucessor: assegurar que a NATO continua coesa.

Para isso, Mark Rutte terá de fazer com que a organização político-militar sobreviva a uma possível vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais nos Estados Unidos da América (EUA), no dia 05 de novembro.

Durante o seu primeiro mandato, Donald Trump criticou em várias ocasiões a NATO e chegou a ameaçar com a saída dos EUA, alegando desigualdades na contribuição dos países que integram a organização sediada em Bruxelas (Bélgica) e da qual Portugal faz parte desde o princípio, em 1949.

Trump já disse durante a campanha eleitoral que resolveria o conflito na Ucrânia em pouco mais de um dia e é conhecida a proximidade do antigo Presidente norte-americano ao homólogo russo, Vladimir Putin.

Na última intervenção que fez enquanto secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg alertou para o perigo e isolacionismo entre os EUA e os países na Europa.

Na Europa estão a crescer vozes contra a pertença da NATO, nomeadamente grupos e partidos nacionalistas, que têm ligações à Rússia ou que simplesmente são contra a existência da organização político-militar e a sua pertinência, nomeadamente a União Nacional, em França, de Marine Le Pen, que já admitiu retirar o país da NATO.

O seu partido cresceu nas eleições legislativas de junho e em outros países a extrema-direita com posições contra a NATO está a propagar-se.

Para assegurar que a NATO continua coesa e que Trump não tem argumentação possível, Mark Rutte tem de continuar a exigir mais investimento por parte dos países da Aliança.

O objetivo de cada país da NATO investir pelo menos 2% do Produto Interno Bruto (PIB) já faz parte do passado, agora a intenção é que o investimento mínimo seja de 2% e que continue a crescer. Portugal prevê atingir este mínimo no final da década.

Stoltenberg repetiu em praticamente todas as intervenções que fez nos últimos dois anos a necessidade de investir mais em defesa e Mark Rutte deverá fazer eco dessa mensagem.

A incerteza na Ucrânia continua a aumentar, o conflito degenerou numa guerra de atrito, com poucos avanços e recuos de parte a parte e nem a invasão do território russo fez com Moscovo arredar pé dos territórios ucranianos ocupados há mais de dois anos.

Como secretário-geral da NATO, Mark Rutte terá de assegurar que os países do bloco político-militar continuam a apoiar a Ucrânia, ainda que o apoio seja bilateral, a ação tem de ser concertada para não haver mais falhas na disponibilização, por exemplo, de armamento.

A Ucrânia está a utilizar grandes quantidades de armamento e depauperou também o armazenamento dos países da NATO, que encontraram na compra conjunta uma solução, enquanto a produção de armamento não é relançada na Europa.

Um acordo para um cessar-fogo ou para o final do conflito não está fora de questão, mas é um elemento imprevisível. No entanto, Mark Rutte terá de estar preparado para esse cenário, enquanto continua a tentar aproximar a Ucrânia da NATO.

A adesão, por muito que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, insista, está fora de questão enquanto o país continuar em conflito, mas o Conselho NATO – Ucrânia existe desde 2023 para aproximar o país da Aliança Atlântica e para ações concertadas.

Nesse âmbito, Mark Rutte também terá de gerir expectativas da Ucrânia e os ânimos de alguns países, nomeadamente os do leste da Europa, antigas repúblicas soviéticas, que por diversas ocasiões disseram ser favoráveis a uma intervenção da NATO.

Recentemente, os mesmos países discutiram a possibilidade de abater mísseis próximos das fronteiras que partilham com a Ucrânia, mas a Rússia ameaçou que interpretaria essa ação como um envolvimento direto da NATO no conflito.


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