Açoriano Oriental
Presumível homicida alega inocência
O presumível autor de um homicídio verificado durante uma rixa no interior da Casa de Pasto “O Arnaldo”, na Fajã de Baixo, declarou-se ontem inocente da acusação de homicídio qualificado consumado.
Presumível homicida alega inocência

Autor: Rui Leite Melo

“Juro pela capa do Senhor Santo Cristo que não matei ninguém. Não fui eu”, afirmou o arguido, de nome Durval, durante a primeira sessão do julgamento, a decorrer no Tribunal de Ponta Delgada.

As diferenças e contradições entre alguns dos depoimentos prestados em Tribunal foi outro dos factos mais marcantes do primeiro dia de julgamento.

Os acontecimentos, recorde-se, remontam a Outubro de 2006, durante um alegado confronto físico entre Durval e o cidadão ucraniano Andriy, motivado por uma briga registada entre ambos um pouco antes, durante o qual Andriy terá agredido Durval com uma foice e ameaçado a sua família. A situação terá levado o arguido, acompanhado pelo irmão Bruno (também arguido) a procurar Andriy, a fim de o enfrentar, tendo o confronto acontecido já na casa de pasto e durante o qual acabaria por ser ferido mortalmente José Mimoso, por uma faca alegadamente empunhada por Durval, quando aquele tentava desapartar a briga.

Agora, depois de em primeiras declarações ter admitido que no calor do confronto poderia sem quer ter atingido José Mimoso, Durval garante que não o fez.

Reconhecendo ter-se dirigido ao estabelecimento “O Arnaldo” na posse de duas facas, com o intuito de confrontar o ucraniano que anteriormente o teria agredido e ameaçado a sua família, a situação mudou quando, de acordo com o seu depoimento, o irmão se precipitou estabelecimento adentro agredindo Andriy com um bastão, ao que este respondeu esfaqueando Bruno com este já deitado no chão. Perante tal dirigiu-se àqueles e esfaqueou o ucraniano na cabeça, mas nunca tendo esfaqueado Mimoso, nem sequer se tendo apercebido do envolvimento dele no confronto, tendo de imediato abandonado o local.

O relato foi, na sua base, genericamente o mesmo apresentado por Bruno, mas não com o de Andriy, presente na qualidade de testemunha. O ucraniano contrariou praticamente toda a sucessão de acontecimentos descritos pelo arguido Durval, desde as causas que levaram a que fosse despejado do quarto que arrendava a Durval, o que estará no cerne do desentendimento entre ambos, aos próprios acontecimentos no interior da casa de pasto. Segundo declarou, após ter sido agredido por Bruno com um bastão fugiu de imediato, refugiando-se noutra dependência do estabelecimento e, que quando de lá saiu, já não viu o seu agressor, nunca chegando a ver o arguido Durval no interior do estabelecimento.

Tais declarações não deixaram de provocar alguma surpresa na sala, por contrariar substancialmente a acusação e diversos testemunhos, originando demorados interrogatórios e contra-interrogatórios.
Acrescente-se que no banco dos réus estão ainda sentados Márcio e André, dois jovens acusados de cumplicidade em crime de homicídio qualificado na forma tentada. Ambos deram, de facto, boleia aos irmãos Durval e Bruno da casa destes para o café onde ocorreu o crime, embora tenham assegurado em Tribunal nada saberem das intenções dos irmãos e de não terem fornecido o bastão utilizado por Bruno na agressão a Andriy.

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