Açoriano Oriental
Pessoas em níveis elevados de insegurança alimentar aguda aumentam pelo 6.º ano

Mais de 295 milhões de pessoas enfrentaram, em 2024, níveis elevados de insegurança alimentar aguda em 53 dos 65 países e territórios selecionados para o relatório da Rede Mundial contra as Crises Alimentares (GNAFC)

Pessoas em níveis elevados de insegurança alimentar aguda aumentam pelo 6.º ano

Autor: Lusa/AO Online

Este número representa 22,6% da população analisada e significa o sexto aumento anual consecutivo, de acordo com o Relatório Global sobre Crises Alimentares (GRFC) para 2025.

"Mais 13,7 milhões de pessoas enfrentaram níveis elevados de insegurança alimentar aguda em comparação com 2023 (…). A prevalência manteve-se em mais de 20% desde 2020", pode ler-se.

De acordo com o GRFC 2025, a deterioração da insegurança alimentar aguda em 19 países, causada principalmente por conflitos/insegurança na Nigéria, Sudão e Myanmar (antiga Birmânia), superou as melhorias em outros 15, incluindo o Afeganistão, o Quénia e a Ucrânia.

"Estas melhorias deveram-se às melhores condições económicas e climáticas, bem como à assistência humanitária", apontaram os autores do relatório.

Em 2025, a "intensificação dos conflitos/insegurança, o aumento das tensões geopolíticas, a incerteza económica global e os profundos cortes de financiamento estão já a agravar a insegurança alimentar aguda em alguns países".

"É provável que os choques económicos ressurjam como um dos principais causadores de insegurança alimentar aguda, uma vez que a economia global — já sobrecarregada pelo crescimento lento — enfrenta uma grande incerteza", alertam ainda os autores do GRFC 2025.

Um dos exemplos é o corte da passagem de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza no início de março e o fim do cessar-fogo, ou a manutenção dos conflitos, apesar do cessar-fogo para permitir os esforços de ajuda após o terramoto em Myanmar.

Ainda no Médio Oriente, o relatório aponta para a situação ainda delicada no Líbano, devido ao conflito com Israel, e na Síria, onde a insegurança persiste durante a transição política em curso.

"No Iémen, a assistência alimentar limitada, o colapso económico e o risco de escassez de combustível e de alimentos provocam uma terrível crise alimentar, enquanto novas hostilidades afetam as zonas do norte", alertaram.

A tendência do aquecimento global na Terra deverá manter-se em 2025 e intensificar "as condições meteorológicas extremas que podem desencadear ou agravar conflitos baseados em recursos".

Na Europa, a Ucrânia continua a sofrer ataques nas regiões leste, sul e nordeste, com danos em infraestruturas como redes elétricas e de abastecimento de água, o que "dificulta severamente a prestação de assistência".

"A devastação dos centros agrícolas e industriais no leste perturbou as economias urbanas, aumentando a pobreza", pode ler-se no relatório.

Em países da América Latina e Caraíbas o relatório aponta para o "agravamento da insegurança e do declínio económico no Haiti e o conflito na Colômbia", que devem continuar a ser os principais fatores em 2025.

"Os défices de chuva e as condições mais quentes e secas ameaçam a América Central e o nordeste da América do Sul, representando riscos para a produção agrícola, a disponibilidade de alimentos e os meios de subsistência em toda a região", acrescentam.

Na Ásia, o estudo aponta que "os extremos climáticos continuem a ser um dos principais causadores dos elevados níveis de insegurança alimentar aguda", com potencial impacto adverso na produção agrícola e agravamento da situação económica cada vez mais frágil.

A redução das doações e o fim abrupto do financiamento em 2025 afeta as operações humanitárias, com os autores do relatório a sublinharem que os "serviços de nutrição para pelo menos 14 milhões de crianças estão em risco, deixando-as vulneráveis à subnutrição aguda grave e à morte".


PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados

Este site utiliza cookies: ao navegar no site está a consentir a sua utilização.
Consulte os termos e condições de utilização e a política de privacidade do site do Açoriano Oriental.