Autor: Lusa/AO Online
"Eu entendi, fiquei com a
impressão de que o senhor ministro tinha tomado essa decisão com base
em opinião jurídicas – não disse escritas, disse opiniões jurídicas, eu
chamei-lhes pareceres jurídicos, podem ser pareceres verbais. O senhor
ministro [da Defesa] esclareceu que não, foi de acordo com a sua
interpretação, com a qual eu concordo", declarou Marcelo Rebelo de
Sousa. Em resposta a questões dos
jornalistas, no Infarmed, em Lisboa, a propósito da audição parlamentar
de hoje do ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, o chefe de
Estado acrescentou: "Portanto, o senhor ministro, apesar de não ser
jurista e de não ter ouvido opiniões de juristas, teve, a meu ver, a
interpretação jurídica correta. É isso que importa para os portugueses". Questionado
se não existiam então os pareceres jurídicos aos quais se referiu na
semana passada, em Verde, o Presidente da República respondeu: "Não,
pelos vistos, não foi preciso haver parecer jurídico para o senhor
ministro, apesar de não ser jurista, ter tido uma interpretação
jurídica, a meu ver, correta". "Pelos
vistos, o erro é meu, porque eu entendi que o senhor ministro tinha
formulado essa opinião jurídica na base de outras opiniões jurídicas.
Não, formulou por ele", concluiu Marcelo Rebelo de Sousa, comentando:
"Já tínhamos um caso, o senhor ministro de Estado e dos Negócios
Estrangeiros [Augusto Santos Silva], que não é jurista, mas pensa como
jurista, temos dois casos de quem não é jurista e pensa como jurista". O
ministro da Defesa Nacional, o chefe do Estado-Maior-General das Forças
Armadas e o chefe do Estado-Maior do Exército foram hoje ouvidos
no parlamento sobre a Operação Miríade, uma investigação judicial sobre
tráfico de diamantes, ouro e droga, que envolve militares e
ex-militares, porque "há tecnologias que permitem". O
Presidente da República, que esteve numa sessão com especialistas sobre
a situação da covid-19 em Portugal, disse que conseguiu acompanhar
essas audições parlamentares porque "há tecnologias que permitem", e
aceitou falar sobre esta matéria no Infarmed, "embora não tenha a ver
com a saúde pública", para que o seu silêncio não fosse "mal
interpretado".