Autor: Lusa/AO Online
O
voto de protesto apresentado pelo deputado único do BE António Lima foi
aprovado por maioria, com votos a favor do PS (22), BE (um), IL (um) e
PAN (um) e as abstenções do PSD (22), Chega (cinco), CDS-PP (dois) e PPM
(um). António Lima lembrou que em 2015,
“com o objetivo de assegurar a coesão social e territorial”, foi criado o
subsídio social de mobilidade, que garantiu a todos os residentes nos
Açores a possibilidade de viajarem para o continente com um custo máximo
de 134 euros. “Durante nove anos, todos os
cidadãos e todas as cidadãs com residência nos Açores acederam ao
subsídio social de mobilidade em condições idênticas, independentemente
do seu país de origem”, acrescentou. Disse,
no entanto, que em novembro deste ano, “sem que tenha havido qualquer
alteração legislativa ou regulamentar sobre esta matéria, imigrantes com
residência nos Açores passaram a ser impedidos de aceder ao subsídio
social de mobilidade”. António Lima, que
falava na sessão legislativa de dezembro do parlamento regional
açoriano, que começou esta terça-feira na Horta, na ilha do Faial, referiu que, “de
um momento para o outro, sem qualquer explicação, estas pessoas que
sempre tiveram acesso ao subsídio social de mobilidade, deixaram de o
ter”. No debate, o deputado Joaquim Machado
(PSD) disse tratar-se de uma “matéria sensível”, daí que o partido
esteja “ao lado da solução” e esta semana irá apresentar uma
anteproposta de lei para que “todos os residentes na Região Autónoma dos
Açores, independentemente da sua nacionalidade, possam e devam ficar
abrangidos pelo subsídio social de mobilidade”. José
Pacheco (Chega) disse que é contra o atual modelo de subsídio de
mobilidade e recebeu com “grande estranheza” que um imigrante residente
no arquipélago dos Açores seja excluído da medida. Pelo
PS, Luís Leal, lembrou que enquanto o seu partido esteve no Governo da
República “em matéria de subsídio de mobilidade havia pelo menos duas
garantias”: que era para todos os residentes, incluindo imigrantes, e
que, no máximo, pagavam 134 euros por cada viagem de ida e volta para o
continente. Pedro Pinto, parlamentar do
CDS-PP, disse que o partido não se revia no voto de protesto, porque o
BE “tenta passar a mensagem escandalosa de que todos os imigrantes foram
excluídos” do subsídio de mobilidade, quando “60% dos imigrantes” têm
acesso à medida. Pelo PPM, Paulo Margato,
que substitui o deputado João Mendonça, apontou que o BE é “pouco
rigoroso na redação do texto”, porque “os imigrantes não estão todos
excluídos” do referido subsídio. “Nós fomos
surpreendidos no dia 08 de novembro, [quando] contactados por uma
agência de viagem, que nos informou que recebeu dos CTT uma comunicação
de que, a partir desse momento, os cidadãos nacionais de países
terceiros deixam de beneficiar do subsídio social de mobilidade”,
adiantou na semana passada à agência Lusa Leoter Viegas, presidente da
Associação dos Imigrantes nos Açores (AIPA). Segundo
o dirigente, o subsídio social de mobilidade só passou a abranger
cidadãos portugueses, da União Europeia (UE), dos Estados que fazem
parte do Acordo de Schengen (Noruega, Islândia, Lichtenstein e Suíça) e
dos Estados onde a UE e Portugal têm acordos de cooperação e de amizade
(caso do Brasil). Também na semana passada,
o Governo da República disse que está a trabalhar na legislação do
modelo de atribuição do subsídio social de mobilidade para evitar
situações de desigualdade entre residentes, mas assegurou que se limitou
a aplicar a lei. O Governo Regional dos
Açores também defendeu uma “clarificação” da lei que
regula o subsídio social de mobilidade, de forma a garantir que “todos
os residentes” na região tenham direito àquele apoio independentemente
da nacionalidade.