Autor: Lusa/AO Online
“A Rússia está pronta para uma solução negociada sob as suas condições”, afirmou Dmitri Peskov, durante a sua conferência de imprensa diária.
O porta-voz do Kremlin respondia a uma pergunta sobre declarações recentes do antigo chanceler alemão Gerhard Schröder, figura classificada como próxima do Presidente russo, que afirmou, depois de uma visita a Moscovo, que a Rússia quer uma “solução negociada” para o conflito na Ucrânia.
“A boa notícia é que o Kremlin quer uma solução negociada”, disse Schröder, numa entrevista ao semanário Stern, na qual confirmou ter-se encontrado com o Presidente russo, Vladimir Putin, em Moscovo, na semana passada.
De acordo com Peskov, as condições de Moscovo para o fim da campanha militar no território ucraniano “são bem conhecidas”.
“Estas condições foram acordadas em Istambul pelos negociadores de ambas as partes”, disse o porta-voz do Kremlin, referindo-se à última reunião, que decorreu em março, entre representantes russos e ucranianos.
“Depois disso, o lado ucraniano já rejeitou o que foi acordado e abandonou as negociações”, acusou o representante.
Ainda questionado sobre se Schröder poderia servir de mediador entre a Rússia e a Ucrânia para novas negociações, Peskov assegurou que o político alemão não tinha manifestado tal desejo.
Schröder está a ser duramente criticado pela sua família política, o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), por causa dos seus laços, no passado e na atualidade, com Putin, que o antigo chanceler defende não ter motivos para quebrar.
Devido às pressões desencadeadas pela guerra na Ucrânia, Schröder anunciou no final de maio a sua demissão de um lugar no conselho de administração do consórcio russo Gazprom para o qual foi nomeado e onde deveria tomar posse em junho. Deixou também a presidência do conselho de administração da petrolífera russa Rosneft, cargo que ocupava desde 2017.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas das suas casas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 10 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945).