Autor: Carolina Moreira
Quatro anos após o seu último trabalho, o músico micaelense Luís Alberto Bettencourt lançou no passado dia 9 de abril um novo álbum intitulado “Em Busca do Sol”, composto por “retratos fiéis” da sua consciência.
Em conversa com o Açoriano Oriental, o artista confessa que as nove faixas do seu novo disco são “fotografias da alma, revestidas de melodia e de algumas harmonias”, sendo o resultado de “um tempo de cativeiro, em que tive mais tempo para escrever e para retratar esses sentimentos”.
“As temáticas do disco são variadas. Faço uma pequena abordagem ao Rock and Roll no primeiro tema ‘Não leves a mal’, onde retrato uma certa saturação e angústia por ter passado tanto tempo em cativeiro e que está expresso na letra quando digo que ‘o mundo gira ao contrário, está a dar cabo de mim’. Falo também de amor noutros temas, que é onde me sinto mais à vontade, e também tenho uma pequena homenagem a alguns compositores brasileiros, porque gosto muito, através do tema ‘Jobim’”, conta.
Para Luís Alberto Bettencourt, este é um disco “multicor” e “sem grande fidelidade sonora”, tendo em conta que “não há uma linha melódica igual, passo por influências diversas desde a Pop até ao Bossa Nova, de modo que é a minha maneira de compor, é a minha maneira de sentir e de me retratar”, explica.
O músico e compositor que já conta com 40 anos de carreira ressalva que continua a não se sentir “preso ou obrigado” a seguir uma determinada corrente musical, afirmando mesmo que “posso e devo variar conforme a alma me pede”.
“É assim que gosto de libertar o meu conceito de fazer música e de construir as minhas canções”, esclarece.
Segundo Luís Alberto Bettencourt, a inspiração para este novo disco passou muito por “sentimentos que guardamos e que transpomos para o papel”, passando por temas como o “amor universalista” até a “um lugar ou uma cidade que nos deixou raízes profundas”.
Já o nome do álbum, “Em Busca do Sol”, surge devido à “necessidade de arranjarmos uma luz interna que nos possa conduzir a um cenário mais otimista”. “Nós vivemos num tempo de preocupação, de amargura e, além de precisarmos do sol astro, precisamos também do sol espiritual. Por isso, pensei que este título identificasse o conteúdo do próprio trabalho”, realça o músico.
À semelhança de outros discos, o novo álbum de Luís Alberto Bettencourt conta com várias colaborações que, segundo o artista, dão “mais cor” ao seu trabalho.
“Como habitualmente, tenho várias colaborações em diferentes faixas. Convidei a Cacau Cruz, que é uma cantora brasileira que vive na ilha Terceira, para colaborar comigo no tema ‘Labirinto’ e a Marisa Oliveira dos The Code para participar na música que dá nome ao álbum”, diz.
Desde o seu último trabalho - “Coletânea” - para este mais recente, o artista micaelense ressalva que se nota uma evolução. “Vamos sempre aprendendo, tanto com os erros como com o delapidar do tempo. Tive muito mais cuidado com as composições para não cair em erros passados. O tempo é um bom companheiro”, constata.
Músico e compositor micaelense conta com 40 anos de carreira e várias bandas
Luís Alberto Bettencourt nasceu em Ponta Delgada e, desde muito cedo, mostrou vocação para escrever canções e fazer harmonias.
Enquanto jovem, teve uma breve passagem pelo Conservatório Regional de Ponta Delgada, tendo mais tarde integrado vários projetos como “Os Académicos”, “Turma5”, “Phoenix” e os “Construção”.
A vida militar leva-o a viver no arquipélago de Bijagós, na Guiné-Bissau, onde conhece músicos africanos que ainda hoje influenciam a sua música. Compôs várias referências da música açoriana como a “Chamateia” e já foi distinguido com vários prémios como a Insígnia Autonómica de Reconhecimento, atribuída pela Assembleia Regional dos Açores.