Açoriano Oriental
Josep Borrell chega à China para abordar comércio, guerra e preparar cimeira

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, chegou à China para defender a estratégia europeia de “redução de riscos”, tentar influenciar a posição de Pequim sobre a guerra na Ucrânia e preparar uma cimeira.

Josep Borrell chega à China para abordar comércio, guerra e preparar cimeira

Autor: Lusa/AO Online

A visita acontece poucos dias depois do início da guerra entre Israel e o movimento islamita Hamas, sobre a qual Josep Borrell convocou uma reunião de emergência com os ministros dos Negócios Estrangeiros europeus.

A China apelou a todas as partes para um “cessar-fogo”.

“Acabo de aterrar na China para co-presidir ao diálogo estratégico UE - China com o meu homólogo, o ministro Wang Yi”, afirmou Josep Borrell, através da sua conta oficial na rede social X (antigo Twitter).

A visita foi adiada por duas vezes. Em abril, o chefe da política externa da UE teve que cancelar a deslocação após ter testado positivo para a covid-19. Em julho, a China cancelou subitamente a visita, numa altura em que o anterior ministro dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, deixou de ser visto em público.

A deslocação deve prolongar-se até sábado e constitui uma oportunidade para abordar as relações bilaterais, questões internacionais e o comércio.

Segundo a União Europeia, a visita “deve conduzir a uma cimeira UE - China a realizar ainda este ano”.

As relações sino-europeias atravessam um período difícil desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.

A China afirmou ser neutra no conflito, mas mantém uma relação "sem limites" com a Rússia e recusou-se a criticar a invasão da Ucrânia. Pequim acusou o Ocidente de provocar o conflito e "alimentar as chamas" ao fornecer à Ucrânia armas defensivas.

Bruxelas está a tentar conciliar o objetivo de reduzir dependências económicas face ao país asiático com a manutenção de laços sólidos em matéria de comércio, clima e Direitos Humanos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, delineou uma estratégia para reduzir riscos no comércio com a China. As empresas ocidentais podem fazer negócios com o país asiático, mas com algumas salvaguardas: vetar a venda de tecnologias críticas com potenciais utilizações militares e reduzir dependências nas cadeias de abastecimento.

O comércio bilateral ascendeu a 856,3 mil milhões de euros, em 2022.

“A China congratula-se com a visita do Alto Representante Borrell, que vai dar novo ímpeto aos esforços conjuntos das duas partes para enfrentar desafios globais e manter a paz e a estabilidade mundiais”, afirmou hoje Wang Wenbin, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“Numa altura em que a situação internacional é instável e os desafios globais se multiplicam, só a solidariedade e a cooperação permitirão à comunidade internacional enfrentar estas questões de forma mais eficaz", sublinhou Wang Wenbin, em conferência de imprensa.

“Enquanto duas grandes forças mundiais, dois grandes mercados e duas grandes civilizações, a China e a Europa têm vastos interesses comuns”, afirmou.

Bruxelas iniciou também uma investigação sobre subsídios atribuídos pelo Governo chinês aos fabricantes de veículos elétricos, visando defender a indústria europeia face à venda de automóveis “a preços artificialmente baixos” nos mercados mundiais.

O ministério do Comércio chinês manifestou, na semana passada, firme oposição, acusando a investigação de ter como base “suposições subjetivas, carecer de provas suficientes e ser contrária às regras da Organização Mundial do Comércio”.

No início de outubro, a UE também apresentou uma lista de áreas estratégicas que vão ter de ser defendidas contra Estados rivais, como a China, nomeadamente o setor da inteligência artificial.

Citado pela imprensa oficial chinesa, Cui Hongjian, professor da Academia de Governação Regional e Global da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, disse que a China espera que Borrell esclareça o conceito de “redução dos riscos” no comércio bilateral.

 


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