Autor: Lusa/AO Online
“Vão ser pagos o mais depressa possível. Haverá sempre atrasos, porque isto funciona sempre em cadeia. Se tivéssemos uma República e uma União Europeia mais ágeis na transmissão das disponibilidades financeiras para o Orçamento Regional, mais facilmente também transportávamos as verbas”, afirmou José Manuel Bolieiro.
O chefe do executivo açoriano falava aos jornalistas, à margem das comemorações do Dia Nacional da Agricultura, no Mercado Agrícola de Santana, em Rabo de Peixe, evento promovido pela Associação Agrícola de São Miguel, em parceria com a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Governo dos Açores e entidades públicas, privadas e cooperativas.
“Eu não vou desmentir atrasos. Eles existem”, disse José Manuel Bolieiro, assegurando estar empenhado em “eliminar muita burocracia”, por forma a acelerar os financiamentos, mas explicou que tal não depende só do Governo Regional "quando se tratam de financiamentos assegurados pelo Orçamento de Estado ou pelos fundos comunitários".
José Manuel Bolieiro explicou, ainda, que alguns desses atrasos nos pagamentos também “resultaram do ‘bug’ fruto do [recente] apagão que ocorreu em Portugal”.
No entanto, “estamos progressivamente a pagar o que está em atraso”, sublinhou, manifestando confiança de que, “até final de junho”, haverá “outra liquidez”, lembrando ainda a existência de um processo eleitoral que termina domingo.
"Espero que possamos voltar à normalidade e recuperar atrasos”, afirmou.
O presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, reiterou, por seu turno, o apelo ao pagamento dos apoios dos Governos da República e Regional.
“Queremos e pretendemos que, até final de junho, todas essas contas estejam liquidadas com o setor agrícola dos Açores. E, se não forem liquidadas alguém há de assumir a responsabilidade por falta de pagamento às suas organizações e aos agricultores dos Açores”, apontou Jorge Rita, em declarações aos jornalistas.
Jorge Rita, que é também presidente da Associação Agrícola da Ilha de São Miguel, indicou que no caso do Governo da República estão “em atraso 22,8 milhões de euros”.
“Essa ajuda ainda não veio”, lamentou o dirigente associativo, que disse não ver, por parte dos partidos políticos que estão em campanha para as eleições, a abordagem deste assunto.
Da parte do Governo Regional, Jorge Rita disse que a dívida "é de aproximadamente 14 milhões de euros", que "têm de ser pagos até junho aos agricultores dos Açores".
As comemorações do Dia Nacional da Agricultura contaram com a participação de cerca de 3.000 crianças, oriundas de escolas de vários concelhos da ilha de São Miguel.
O evento teve como principal objetivo sensibilizar os alunos do 1º. ao 6.º ano de escolaridade para a importância da agricultura, do mundo rural e do desenvolvimento sustentável, reforçando a ligação entre os mais jovens e o setor agrícola.
No recinto foram disponibilizadas várias atividades, que permitiram às crianças explorar diferentes vertentes da agricultura e do meio ambiente.
Estiveram ainda em exposição animais e culturas hortícolas e frutícolas em diferentes fases do seu ciclo de desenvolvimento.
As indústrias de laticínios marcaram também presença e o evento contou ainda com um espaço de animação, com jogos tradicionais e temáticos sobre agricultura e uma quinta didática.
O presidente do Governo açoriano destacou o papel da agricultura no desenvolvimento sustentável dos Açores e o impacto "positivo" das políticas implementadas.
“Estamos perante uma economia agrícola que está de boa saúde, é excelente e recomenda-se”, realçou José Manuel Bolieiro.