Autor: Lusa / AO Online
"Rejeito as acusações, sou inocente, não aceito a acusação do procurador", disse Fujimori ao juiz, que lhe pediu que respondesse apenas sim ou não.
"Réu Fujimori, aqui sou eu que lidero, deve respeitar as directivas do tribunal", disse o juiz a Fujimori, quando o ex-presidente começou a fazer a defesa do seu governo.
"Recebi o país em 1990 à beira do abismo, o meu governo defendeu os direitos do homem de 25 milhões de peruanos sem qualquer excepção. Se houve factos execráveis, não foi por minha ordem e condeno-os", insistiu Fujimori.
O processo, a cargo da câmara especial do Supremo Tribunal de Justiça, inclui os massacres de Barrios Altos (1991) e La Cantuta (1992), em que morreram um total de 25 pessoas, bem como os sequestros do jornalista Gustavo Gorriti e do empresário Samuel Dyer.
O Ministério Público acusa Fujimori de autoria moral daqueles crimes, realizados pelo grupo militar clandestino "Colina", e pede a sua condenação a 30 anos de prisão.
O antigo homem forte do Peru dirigiu nos anos de 1990 uma luta sem cartel contra a guerrilha maoísta do Sendero Luminoso, que causou 70.000 mortos e desaparecidos, no âmbito da qual ocorreram os referidos massacres.
Actualmente com 69 anos, Fujimori tentou escapar à justiça peruana durante cerca de sete anos, refugiando-se primeiro no Japão, país de que possui a nacionalidade, e depois no Chile, de onde foi extraditado a 22 de Setembro deste ano.
Considerado histórico, o julgamento iniciou-se às 10:00 locais (15:00 em Lisboa) no quartel policial de Lima onde Fujimori tem estado detido, na presença de familiares das vítimas, da filha de ex-presidente peruano, de numerosos jornalistas e representantes de organizações não governamentais.
A câmara especial do Supremo Tribunal de Justiça do Peru é presidida pelo juiz César San Martin, assistido por dois outros magistrados.
As audiências do julgamento, que poderá durar de nove meses a dois anos, decorrerão três dias por semana.
Da sentença é possível recurso perante o Supremo Tribunal peruano.