Açoriano Oriental
“Fugi um bocadinho do registo acústico do costume”

Sara Cruz, cantora e compositora micaelense fala sobre o seu novo single “Sunday Riddles” que surge de um processo de escrita criativa e traz uma sonoridade diferente

“Fugi um bocadinho do registo acústico do costume”

Autor: Maria Leonor Bicudo/Carolina Moreira

Como foi surgindo a letra e a música deste novo single “Sunday Riddles”?

A letra surgiu quando eu estava a fazer um exercício de escrita criativa. Estava a ler um livro sobre escrever músicas e depois havia lá um exercício muito interessante. Comecei a fazê-lo e começou a surgir a letra da música. E depois comecei a musicá-la,  a definir uma métrica... Isso foi numa altura em que eu tinha muitas ideias soltas, muitas ideias de músicas que eu construía e depois não gostava... E esta, por acaso, depois acabou por ficar.

Esse tempo em que esteve parada durante a pandemia trouxe-lhe inspiração?

Foi um ano um bocadinho complicado. Eu tive alguma dificuldade inicialmente em escrever canções, porque estava tudo tão estranho, era difícil saber lidar com as coisas. Mas nos últimos seis meses já tenho estado a trabalhar, a escrever e a criar coisas novas. O meu objetivo principal nos próximos tempos é poder mostrar às pessoas coisas novas, depois de ter estado um ano e meio sem lançar nada.

Quase todas as letras dos singles da Sara são em inglês e a deste não é exceção. Porquê?

Eu componho em inglês porque o meu universo musical, desde muito novinha, é em inglês. Sempre foi. Aquilo que consumo, os artistas que mais admiro, as músicas que mais ouço no dia a dia é tudo música cantada em inglês. Desde sempre. Por isso, acaba por ser muito natural e espontâneo, quando me sento à guitarra para compor uma música, a letra acabar por sair sempre em inglês.

E o que é que este novo tema traz de diferente?

Este single é, acima de tudo, o resultado de alguma experimentação com outro tipo de sonoridade, em casa, no estúdio que eu construí. É também uma colaboração com um grande amigo meu, o LUAR, e o facto de ele ter produzido esta música trouxe aqui uma sonoridade bastante diferente daquilo que eu usualmente tenho. Ou seja, fugi um bocadinho do registo acústico do costume. Normalmente sou só eu e a guitarra acústica, mas esta música já tem mais camadas. Era uma coisa que já queria ter feito há algum tempo e agora foi a oportunidade perfeita para isso.

Por que é que o single foi gravado entre os Açores e Lisboa?

Porque eu cá tenho o meu home studio: gravei aqui o piano, as minhas vozes, o baixo, a guitarra acústica... E o LUAR, que foi quem produziu a música, está em Lisboa: gravou lá instrumentos virtuais, guitarras elétricas, alguns sintetizadores. Portanto, foi essa mistura do trabalho de nós os dois que aconteceu.

Chegaram a reunir-se presencialmente em alguma etapa do processo de produção?

Foi tudo feito à distância. O primeiro passo foi enviar a composição. Por isso enviei-lhe uma guia em que era eu a tocar viola acústica e a cantar. Mandei-lhe a música: a composição e a letra. Depois, a partir daí, começámos a pensar como podíamos colorir a música: que tipo de sonoridade ela pedia, que tipo de instrumentos podíamos ir buscar. Depois começámos a trabalhar juntos: eu enviava-lhe coisas que grava aqui, ele enviava-me coisas que gravava lá e íamos sempre chegando a um consenso e arranjando coisas que gostávamos. Foi assim o processo, não nos vimos pessoalmente durante a produção desta música.

Este single fará parte de um álbum?

Ainda estou a perceber se isso vai acontecer. Tenho agora várias músicas a serem construídas, várias ideias soltas. Portanto, tenho a certeza que vou estar a lançar uma música nova nos próximos tempos. A forma como as vou agrupar ainda não é certa.

O single já está disponível no YouTube. Como é que se realizou a produção do videoclip?

Este videoclip foi gravado no Solar da Graça, com a Cão de Fila Produções e nós construímos o cenário do zero. É a primeira vez que gravo um videoclip com o cenário construído do zero. Um deles tinha sido gravado em casa, outros gravados na natureza. Este foi mesmo construído do nada. Eles trabalharam muito e muito bem. A produção do videoclip foi uma coisa ainda um bocadinho complexa e demorada. Demorou umas semanas e era impossível ter demorado menos, porque a complexidade da produção e da construção do cenário pedia exatamente isso. Mas fiquei satisfeita com o resultado e acho que eles fizeram um trabalho incrível.

Já tem alguns concertos previstos ou continua a ser afetada pelos constrangimentos da pandemia?

Eu consegui dar um concerto no domingo, na Praça do Emigrante, ao ar livre, que me soube muito bem depois de tanto tempo sem voltar a um palco. Mas este verão o que eu tenho feito basicamente são concertos no Eco Resort de Santa Bárbara, durante a hora de jantar no restaurante deles, e no Hotel Terra Nostra também, uma vez por semana.
Nós já temos uma data para o reagendamento do concerto no Coliseu Micaelense, que foi cancelado devido à Covid, e que espero anunciar em breve.










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