Autor: Lusa/AO Online
"África do Sul, França e Alemanha assinaram acordos de empréstimo para as duas nações europeias, a fim de fornecerem 300 milhões de euros cada uma em financiamento concessional à África do Sul de apoio aos esforços do país para reduzir a sua dependência do carvão", anunciaram os três países através de uma declaração conjunta.
A África do Sul obtém 80% da sua eletricidade a partir do carvão, um pilar fundamental da economia que emprega quase 100.000 pessoas. Várias centrais elétricas deverão ser encerradas até ao final de 2030.
A empresa estatal Eskom, que está endividada, é incapaz de produzir eletricidade suficiente com as suas instalações envelhecidas e impõe cortes contínuos de energia.
Um plano de investimento de 98 mil milhões de dólares (cerca de 97,6 mil milhões de euros) para a transição energética da principal potência industrial africana foi aprovado no início desta semana na cimeira da ONU sobre o clima, em Sharm el-Sheikh, que teve início no domingo, na sequência de um acordo de princípio alcançado no ano passado na COP26, em Glasgow.
A França, a Alemanha, o Reino Unido, os Estados Unidos e a União Europeia tinham prometido 8,5 mil milhões de dólares (8,46 mil milhões de euros) de apoio, com a ambição de fazer da África do Sul um exemplo de cooperação na luta contra as emissões nos países em desenvolvimento.
O montante disponibilizado pela França e pela Alemanha, sob a forma de empréstimos do banco de investimento público alemão (KfW) e da Agência de Desenvolvimento Francesa (AFD), é a primeira fração desta ajuda.
Os dois países prometeram, cada um, mil milhões de euros para a África do Sul, que necessitará de pelo menos 500 mil milhões de dólares (497 mil milhões de euros) para alcançar a neutralidade de carbono até 2050, de acordo com o Banco Mundial.
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, criticou repetidamente os países ricos por prestarem ajuda aos mais pobres, principalmente sob a forma de empréstimos que correm o risco de aumentar a sua dívida.
Os países do sul precisarão de mais de 2 biliões de dólares (1,99 biliões de euros) por ano, até 2030, para financiar a sua ação climática, quase metade dos quais provenientes de investidores externos, de acordo com um relatório encomendado pela presidência da COP.